“O caminho para a missão”

Roma, 15/09/2018

As vitórias tem me alegrado e me dado força,

mas as derrotas ainda me fazem sentir muito,

até por serem em sua maioria,

as mesmas de sempre.

Leio textos e mais textos sobre o ego,

mas ainda não me acertei com ele.

Entendi que a questão não é dominá-lo,

mas não permitir que o contrário aconteça.

É impressionante,

como em meus momentos de maior clareza,

vejo o quanto ele está envolvido

em grande parte das minhas ações.

Tem sido uma briga dura,

mas ele tem vencido,

na maioria das vezes.

Vencido porque eu permito,

vencido em minhas fraquezas,

e não o culpo,

pois percebo que sou cúmplice e não vítima.

Sei de tudo que tenho que fazer,

mesmo assim não faço,

ou faço em partes.

Entendi que o ego é um amigo incompreendido,

mas hoje decidi enfrentá-lo.

É impressionante como enxergamos tão fácil

o erro nos outros,

mas com os nossos somos fazemos conchavos.

Para ser mais claro,

deixo aqui um pensamento

que me veio hoje.

Quantas e quantas vezes critiquei,

mentalmente ou pessoalmente,

pessoas por suas fraquezas, fugas ou vícios.

Como jogos e o cigarro por exemplo.

Sem perceber que eu não fumo nem jogo,

mas sou tão quanto um viciado.

Me percebo mais um,

de tantos alienados e aprisionados

as redes sociais.

Caio a todo momento nessa sutil,

mas cruel armadilha das sombras.

Como aquelas que trago em mim,

como a vaidade,

orgulho,

luxúria

e apego.

Existem outras,

mas são essas as que mais me fazem sofrer.

Não bastasse isso,

o pior,

me afastam e desviam da minha missão.

É livre das duas primeiras sombras citadas

que digo,

não é pequena a minha missão.

Eu sei e sinto,

que faço parte de um grande plano,

um imenso exército,

que veio para mudar o mundo.

Mas como,

se não consigo mudar coisas tão pequenas,

em mim mesmo ?

O apego nos deixa densos,

incapazes de percorrer grandes e

reais caminhos,

rumo a nossa tão linda missão.

Quando penso nisso,

me recordo de um dos melhores

livros e mais lindas histórias que já li.

“Paulo e Estevão”,

a missão de Paulo de Tarso.

Um homem que errou tanto,

acreditando estar agradando a Deus.

E teve a oportunidade,

que todos nós temos,

de corrigir seus atos e erros.

Quis falar sobre essa história,

para fazer uma analogia sobre

sua luta e a minha,

a nossa.

Após encontrar com Jesus,

e ter sua visão iluminada,

Paulo entendeu qual

sua verdadeira missão.

Mas antes de realizá-la,

sabia que precisava se preparar,

porque as sombras sempre

tentaram ofuscar a luz.

Passou alguns anos isolado em

um pequeno oásis,

em companhia de um casal de tecelões.

Estudou muito,

enfrentou suas fraquezas,

sombras e solidão.

Pode então seguir viagem e se

tornar o grande divulgador do

evangelho do amor,

naquela época.

E é finalmente esse o ponto

em que quero chegar.

O que nos separa de uma missão tão

linda e iluminada como essa ?

Veja que esse e tantos outros

homens daquela época,

faziam viagens por meses,

a pé,

enfrentando fome,

sede,

calor,

frio,

dores e

perigos,

por uma causa maior,

livre de qualquer vaidade,

carregando uma sabedoria que até

hoje não foi totalmente compreendida e

dificilmente será superada.

É claro que tudo muda,

os tempos são outros,

como também as missões.

Mas como posso olhar para o espelho,

sem sentir vergonha,

de esbarrar em obstáculos tão

menores e em vão.

O que separa os grandes homens

dos demais é a determinação,

a vontade,

coragem e devoção.

Não existe nenhum dom especial.

O que é mais difícil,

independente da época em questão,

deixar para trás pequenos vícios,

ou carregar,

com todos os sofrimentos,

alimentado somente de fé,

amor e determinação,

pelo deserto e sua imensidão,

uma missão e uma mensagem de pura devoção e

altruísmo aos seus irmãos?

O poder que carregamos é tamanho

que nem fazemos ideia,

mas toda vez que me ilumino e descortino o

véu das ilusões,

posso sentir a sua força e projeção.

Eu não vou abandona-lo,

e chegou a hora de com todo carinho,

mas também com toda firmeza necessária,

realmente cortar na própria carne

tudo aquilo que me atrasa.

Já avancei muito nesse sentido,

mas confesso que tenho me enganado.

Chegou a hora de realmente atravessar meu deserto.

Chegou a hora de me afastar.

Tenho certeza que aqueles que

me amam entenderão.

Foi por todos nós que aceitei essa missão...

o sarto
Enviado por o sarto em 08/02/2019
Reeditado em 08/02/2019
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