Para além das idiossincrasias

Uma verdade que aprendemos muito cedo e, por vezes da forma mais dolorosa, é que a vida terrena é efêmera!

O que não aprendemos, ainda, é lidar com a saudade e a tristeza quando lembramos daqueles que tão repentinamente nos deixou. É uma dor incomensurável e porque não dizer, incompreensível! É como afirma o poeta uma “dor que desatina sem doer", que vai minando nossa alegria e o sentido da vida.

Aprendemos também que o amor tem a capacidade de nos emocionar e nos entristecer. Consegue escancarar o sorriso dos lábios e brotar lágrimas nos olhos, a depender da situação. Este mesmo amor nos faz perdoar, abraçar, levantar e seguir. Deus é amor e Ele nos ama incondicionalmente. O amor tudo supera! Supera inclusive a dor da partida sem preparo e despedida.

Ah! O amor! Este sentimento que nos move quando não há mais forças físicas, quando tudo perde o sentido, quando não entendemos cabalmente os desígnios da vida e nem compreendemos os mistérios que sucedem após deixarmos o corpo mortal!

Sabe-se que a religião, a filosofia, a ciência, a própria sabedoria popular e também os ateus/agnósticos tentam, ao seu jeito, explicar o fenômeno morte. Seriam as explicações, a grosso modo, o foco de luz direcionada para a escuridão desconhecida?! A lanterna que alumia o percurso na enigmática viagem para outra dimensão? A vida continua ou termina com a morte física? Eis aí as conjecturas no terreno hipotético da esperança ou da descrença.

Neste ponto há uma encruzilhada que nos iguala e, necessariamente todos precisam, consciente ou inconscientemente escolher qual caminho seguir. Ariano Suassuna em sua sabedoria disse: “(...) tudo que é vivo, morre”.

Explicar a morte é tão difícil quanto explicar o surgimento do mundo e outras complexidades que dividem os homens em grupos ou subgrupos.

Haverão sempre verdades absolutas que na visão de outrem não passam de um visão errada da coisa ou relativismo bobo (e vice-versa).

O Filósofo, matemático e físico francês Blaise Pascal na teoria do infinito zero, ao ponderar sobre a existência de Deus afirmou que apostar na existência de Deus é muito mais vantajoso para o homem. A aposta proposta por Pascal baseia-se no seguinte formato:

• se acreditar em Deus e estiver certo, terei um ganho infinito;

• se acreditar em Deus e estiver errado, terei uma perda finita;

• se não acreditar em Deus e estiver certo, terei um ganho finito;

• se não acreditar em Deus e estiver errado, terei uma perda infinita.

E o que tem a ver a existência de Deus com a morte? Na minha modesta opinião, data vênia, tudo se inicia em Deus e culmina Nele. O nascimento e a morte. Ele é o princípio e fim. O alfa e o ômega.

Nesta senda, se vivermos esta vida com a perspectiva Nele, o ganho será infinito e uma possível perda, finita. E é muito bom termos esta esperança!

Creio, categoricamente, ser muito mais difícil explicar a inexistência de Deus do que sua existência. Como explicar o inexplicável com tantas evidências? Quais são as bases firmadas que fundamentam a origem de um universo tão complexo e perfeito? Somos sim indesculpáveis se com nossa razão e fé não conseguirmos enxergar a Deidade no processo de criação e manutenção de todas as coisas existentes.

Portanto, se há uma esperança em relação ao fenômeno morte, ela repousa em Deus. Se há expectativa de rever entes queridos e pessoas que foram tão significativas em nossas vidas, não resta dúvidas de que precisamos ter fé Nele, ainda que seja um fé duvidosa e/ ou falha.

Eu quero crer que, para além de algumas idiossincrasias, que depositar a confiança em Deus redundará em ganhos infinitos.

Certamente isso é demasiadamente difícil explicar com palavras da sabedoria humana.

É esta expectativa que, ainda de forma titubeante, mas com inspiração que extravasa nossa compreensão, que nos faz cantar com a alma, dizendo:

“Além do rio azul

As ruas são de ouro e de cristais

Ali tudo é vida, ali tudo é paz

Morte e choro, nunca mais

Tristeza e dor, nunca mais

Verei o grande rio da vida

Claro como o cristal

Verei a face do Meu mestre querido

Não haverá mais noite ali

Não haverá nenhum clamor

Verei os olhos de Jesus

E tocarei seu corpo enfim”.

Ezequias Vitorino Dos Santos 🖋✍

Ezequias Vitorino
Enviado por Ezequias Vitorino em 29/12/2020
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