Esperançar

“Quando tudo está perdido sempre existe um caminho. Quando tudo está perdido sempre existe uma luz”. Ontem, adormeci embalada por esses acordes. Recordei-me de quantas vezes pensei que minhas tristezas e dores não seriam passageiras. Que minhas palavras nunca seriam escutadas, que meus versos nunca seriam lidos, que minha vida não teria razão de ser. Quantas vezes fiquei inerte, jogada tendo a desilusão e a desesperança por companhias inseparáveis. Quantas vezes me matei e deixei me matarem. Quantas vezes, também, não me deixaram morrer. Tantas tentativas frustradas misteriosamente, talvez, milagrosamente. Hoje, amanheci e olhando para as noites anteriores, ouvi o canto dos pássaros, o bailar das folhas em sincronia com o assobio do vento, e constato que “o amanhã é realmente um outro dia”, uma outra oportunidade de desfazer os laços que nos amarram as dores. Alguns laços desatam com facilidades outros precisam de um dedinho a mais de paciência, estratégia, decisão, confiança. Um esforço constante! O labirinto que me aprisionei, esgotadas inúmeras possibilidades, decidi seguir o coração e os caminhos desemaranharam. Agora, quero sinceramente agradecer a vida e ofertar uma prece àqueles que quiseram matar, em realidade, as dores que torturam a alma. Quero espalhar aos quatros cantos os versos da esperança, pois se, no momento, não pudermos mudar a causa daquilo que dói e atormenta, poderemos reconfigurar a rota, seguir a voz que vem do coração e dos percalços reconstruir uma nova alternativa. É necessário por no coração o desejo sincero de mudança, a intenção de encontrar o caminho. Certamente, as matas se abrirão e o levará a lugares que as “vãs certezas” nunca levariam. Não sei se amanhã voltarei aos mesmos labirintos ou adentrarei a outros, porém, tenho decidido todos os dias experimentar caminhos para a autocura.

Aretuza Santos
Enviado por Aretuza Santos em 05/10/2021
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