Perdoa agora! - II

Motivado por gentil apreciação do artigo publicado na última edição, sentimo-nos muito a vontade para trazer outras reflexões sobre o perdão e suas salutares conseqüências.

Na velha questão das dificuldades de relacionamento, com que todos estamos envolvidos – diga-se de passagem –, há uma receita valiosa para aplicação nos casos de mágoas e ressentimentos.

O segredo da paz interior, da felicidade mesmo, está no autoconhecimento. Sim, uma análise cotidiana do próprio comportamento, o questionamento íntimo das próprias ações, com nitidez, clareza e principalmente sinceridade, nos levará a conhecer as razões de determinadas atitudes, o porquê de certas reações. E nestas questões surgem a mágoa e os ressentimentos. É a hora de nos perguntarmos porque nos magoamos, nos ressentimos. E tais respostas nos levarão a compreender a ofensa recebida, a agressão que nos foi endereçada. É como se fosse uma entrevista conosco mesmo: eu pergunto, eu respondo. Para mim mesmo. Na verdade uma conversa a sós comigo mesmo.

E a receita diante de certas atitudes e comportamentos é:

a) Interrogarmo-nos sobre o que temos feito;

b) Com que objetivo fizemos ou agimos dessa ou daquela forma;

c) Se fizemos algo que censuraríamos se praticado por outra pessoa;

d) Se algo fizemos que não ousaríamos confessar;

e) Se ocorresse a morte, teríamos temor do olhar de alguém?

Percebe-se, com clareza, que tais perguntas abrangem nosso próprio comportamento para com terceiros e mesmo nossas reações diante de fatos, acontecimentos ou ações ofensivas a nós dirigidas. Imaginemos uma ofensa qualquer e apliquemos as perguntas acima. Respondendo com sinceridade, chegaremos à conclusão, se estivermos errados, que é preciso corrigir o comportamento. E, se estivermos certos, não há com o que se preocupar e sim perdoar, compreender. Eis o segredo. Afinal, quem agride, quem ofende, é alguém enfermo, necessitado, pois, de compreensão e, em muitos casos, de muito auxílio para recuperar-se. Ora, estamos todos no mesmo caminho de aprendizado... e todos precisamos uns dos outros. E, se houver dúvidas nas respostas – inclusive nas ilusões do amor-próprio –, basta nos colocarmos no lugar do outro. Não é mesmo uma boa dica, inclusive para perdoar?

Orson
Enviado por Orson em 21/01/2006
Código do texto: T101770