Ao coração
Quero pedir licença ao coração
que me escorre pelos cantos, recantos, entranhas...
Quero pedir que adormeça,
que de vez desvaneça,
e não me faça senti-lo assim,
escorrendo como um rio sem mar,
sem saber onde vai desaguar...
Ácido corrosivo dilacerando a carne, o cerne...
Quero pedir que me deixe vazia dele,
sem me dominar, livre de sua presença drástica, contínua,
que me absorve e me faz ser apenas
dor e abandono.
(Imaginando a dor de Daniela, mãe de Daniel, o rapaz assassinado por um policial em Ipanema no último fim de semana; e de tantas mães quando perdem um filho)