Filhos da Repressão
Sou filha de um grande homem, idealista, sonhador que morreu
acreditando em um Brasil melhor, onde todos tivessem oportunidades
iguais. Sei que como eu, existem milhares em todo pais, que viveram
essa época. Ninguém ignora que as leis, deram um pouco mais de
dignidade aos trabalhadores foram conquistadas, com muita luta.
Para os trabalhadores terem hoje essa regalia "entre aspas" os
direitos adquiridos muitos contribuíam com a própria vida, nada foi de
graça.
É penoso saber que nos dias de hoje a nova geração, não tem
acesso, mãe se interessa, nem se importa em saber como foram feitas
as conquistas dos trabalhadores e também, como era no tempo da
repressão. Quantas prisões, torturas, humilhações, famílias chorando
a falta do Genitor. Os jovens, tendo que assumir a chefia da casa, se
tornando adultos, antes da hora. Mulheres, crianças e adolescentes,
viviam aterrorizados, todos se sentiam como animais, perseguidos,
acuados, pagando por um sonho de justiça social.
Hoje ainda lembramos de tudo, até dos capas pretas, como eram
chamados os homens do D.O.P.S, que nos aterrorizavam.
O tempo passou e deixou mágoas e ressentimentos, que nunca vamos
tirar da nossa mente, só quem viveu sentiu de perto, vai lembrar por
toda vida do peso da repressão.
Hoje trinta anos depois, do seu falecimento, soube que meu pai foi
homenageado, tendo seu nome imortalizado em uma praça, em Santo
André, São Paulo em 15/06/2008.
É tudo lindo, maravilhoso até, mais não vai conseguir apagar o
sofrimento de uma vida inteira.
O nome do meu pai herói é Fernando José Figuerôa.