DA NECESSIDADE DO TERCEIRO OLHO.

O terceiro olho é uma necessidade de sobrevivência. Na verdade, trata-se de um órgão constituído de fogo que reduz as coisas, os entes, a objetos de análises, de reflexões profundas. É o olho da Sabedoria que nos possibilita avançar para além das aparências e nos permite atingir a zona de significados substanciais. O terceiro olho é o logos heraclitiano, é o olho da alma platônico ou ainda o olho do coração agostiniano.

É dever de todos nós fazermos medrar este olho. Ele está aí, bem dentro de cada um, e basta a coragem de usá-lo a fim de que as coisas passem a tomar outras dimensões. Convém, todavia, atentarmos para o seguinte: Sócrates foi condenado a beber a cicuta exatamente por não permitir que lhe atrofiassem o terceiro olho.

A alienação quase sempre entra em nós através dos olhos chamados naturais. Destarte, a despeito dos perigos, é mister, ao HOMEM INTELIGENTE, se da fato deseja viver com Sabedoria, jamais deixar que lhe ceguem tão imprescindível instrumento de LIBERTAÇÃO. Afinal, numa paráfrase nietzscheana, é o terceiro olho que nos abre, com segurança, o universo do sentir, do ver, do ouvir, do suspeitar, do esperar e do sonhar coisas extraordinárias.