A águia e a águia

Uma majestosa águia em seu exuberante vôo diário, notou que outra águia voejava acanhada entre árvores, saltitando desajeitada entre pedras.

- Tenho te observado. Você não voa além das árvores, fica pulando daqui ali, andando no chão... Tens algum problema?

- Não, não tenho nenhum problema, apenas não gosto de voar.

- Mais as águias foram feitas para os grandes vôos! Faz parte da nossa natureza!

- Na verdade, depois de seguidas quedas, eu desisti de voar nas grandes alturas.

- Mas, quem nunca caiu? Cair faz parte do aprendizado...

- Eu preferi não me arriscar mais...

- Você corre mais riscos vivendo assim. Aqui em baixo você está mais vulnerável ao ataque de predadores. Aqui você é caça, lá em cima, é caçadora!

- Estou bem assim!

- Você é uma águia, você pode mais! Não se imponha limites imaginários, inexistentes! Você não é um passarinho, uma borboleta, nem um grilo... Você é uma águia!!!

- Essa conversa já está me aborrecendo! Me deixe em paz! Estou bem assim como estou, não preciso de mais nada!

- Não seja tão covarde, existe um universo além desse seu mundinho. Tanta coisa a conhecer, tanto a aprender... E você aí encarcerada em seu medo, escrava de si mesma. Quantos dariam tudo para ter as suas possibilidades!

- Vaza! Me erra!, xô carrapato!

- Se é assim que você prefere...

No dia seguinte, enquanto saltitava distraída entre os seixos do rio, a águia medrosa foi capturada. Num preciso vôo razante, a outra águia a agarrou e subiu, subiu, subiu até não poder mais e lá do alto, largou a sua “presa” que, no princípio, despencou descontrolada, rodava em parafuso, até que resolveu bater as asas, se equilibrou, planou e vôou, vôou como só voara antes em seus sonhos reprimidos, vôou com todas as forças por tanto tempo manietadas, vôou como quem descobriu naquele instante, que era gestora de sua vida, dos seus limites.

Como aquela águia, quantos de nós usam as dificuldades para desculpar a acomodação, o não desafiar os seus limites, não enfrentar as adversidades... Cultivando o medo de vencer, nada mais colhem senão frustrações e derrotas.

O problema não está nas quedas. A grande problemática é quando deixamos morrer a vontade de levantar e nos aclimatamos ao ambiente rasteiro da mediocridade.

Pense nisso! Escolha “o tipo de águia que você deseja ser”.