Chamamento ao poeta
A poesia atrai mais intensamente que um imã
sentimos que nossa busca não é vã
e não é vã a esperança.
Crianças que somos, brincamos de ciranda
e o tempo, disfarçado, em horas anda
e quando percebemos já é tarde.
Arde a chama do que fomos um dia:
a inesgotável força da rebeldia
e a infinita inspiração do poema.
Pena que o tempo passa de arrasto
e o que era floresta vira pasto
e chão bruto de solo repisado.
Enfado, é tudo que sentimos então.
Teria se esgotado aquela paixão?
E sem resposta dormimos o sono dos justos.
Sustos nos acordam no meio da noite,
sentimos o frio do açoite
e nossa pele se ressente.
Acende pois o candeeiro para a chama breve
carregue o tinteiro e que a pena lhe seja leve
para escrever o que a vida te cobra.
Eis a tua obra.
Adormece.