As tristezas me ensinaram

Perco-me, às vezes, quando começo a relembrar o caminho por onde passei e muito mais quando penso os que eu ainda preciso andar. Sei que muitas quedas serviram de ensinamentos, pessoas de exemplos e situações de prova que o mundo é regido por tudo aquilo que gente faz. Existem momentos certos para tudo o que se vai fazer. Não existirá uma pedra no caminho sem antes Deus ter pensado muito nessa questão. Não que seja Ele que coloca essa pedra, sou eu mesmo, mas Jesus sempre analisa bem se aquele obstáculo servirá mesmo como incentivo para que eu caia em mim de novo. Sempre tive em mente que a chave das portas, pelas quais eu devo passar, está comigo, mas sempre tive um pouco de receio de usá-las. Pois, como ser humano eu sempre tive medo do novo, das situações que nunca vivi ou de reviver as dores que me fizeram triste por um intervalo de tempo. As pessoas que perdi, as que me perderam, as palavras que eu disse, as que eu deixei de escutar, tudo enfim que, de uma forma ou de outra, transformaram o meu dia ou até mesmo uma boa parte da minha vida. Isso depois que eu percebi que tudo nesse mundo tem dois lados, um direito e um avesso. Uma hora estive dando risadas no meu lado “direito” e depois me decepcionei com o avesso dos meus dias. Mas é desse jeito que o sentido da existência é explicado. Se todas as minhas horas fossem felizes nunca conheceria a dor ou a tristeza. E essas não devem ser esquecidas por nenhuma pessoa sã, pois os verdadeiros aprendizados são retirados do íntimo de nós, lugar esse onde habita esses sentimentos quando se alojam dentro do coração. Assim diz uma passagem do livro O pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry: “é preciso que eu conheça uma ou duas larvas se eu quiser conhecer as borboletas”... E analisando bem essa passagem do clássico desse escritor, percebi que os mais nobres aprendizados e gestos sempre são antecedidos por uma tristeza ou por uma superação de algo que se tem medo. Não sou hipócrita de dizer que tudo enfim deve ser precedido por uma lágrima, mas sei que ela me explicará nos mínimos detalhes como são feitos os sorrisos. Não precisa ser poeta para saber dar valor aos momentos tristes da vida, basta apenas saber entender que quando se esconde uma lágrima está se escondendo um pedaço de si mesmo, uma parte que está sendo omitida por vergonha de um sentimento que servirá, na maioria das vezes, como um barco para se navegar no mar de angústias que pode estar sendo formado dentro de si.

Não sou louco em pensar que de tristezas rege-se a maturidade, mas sou sábio em dizer que elas são, de certa forma, uma espécie de catalisador para que as mudanças de pensamentos sirvam e atuem no lugar onde essas devam, na verdade. Sei que para sempre levarei comigo um guia. Esse formado por experiências boas e outras nem tão boas assim. E sei também que o orgulho que tenho de mim por ter encarado uma decepção, uma dor por uma perda, uma saudade ou alguma questão não muito agradável como uma das minhas principais fontes de aprendizado e sabedoria no que diz respeito aos caminhos da vida, servirá de fortalecimento para aqueles que precisam entender as lágrimas que escorrem durante um sorriso de felicidade.

Lucas Ferreira de Arruda.

Poeta.

Vertentes, 17 de dezembro de 2008.

Lucas Arruda
Enviado por Lucas Arruda em 17/12/2008
Código do texto: T1340164
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