Feliz ano novo!
 
                       Mais um ano termina. O ano velho está caminhando para as portas dos fundos, enquanto o ano novo vem marchando pela entrada principal, o mais incrível é que a mesma história se repete. O ano velho está acabrunhado, cansado, maltratado, sente vergonha e sente pejo. O ano novo vem chegando eufórico, cheio de perspectivas, cheio de luz, imaculado. Imaculado? Será mesmo? Pensemos então. 

 
                      Apesar de o ano novo está chegando eufórico, cheio de alegria, cheio de promessas, ele também vem trazendo na face certas rugas, rugas que já o envelheceram antes mesmo de nascer. São preocupações com o meio ambiente, com a saúde do povo, com a educação, com os dolos ocorrendo nas sombras, com os desmandos de alguns ilustres soberanos, os quais estarão saudando a sua chegada com as iguarias mais finas e inimagináveis por aqueles que têm apenas o teto do céu e a esperança contida no peito.
 
                      O ano novo vem chegando porque não podemos parar o tempo e ele é obrigado a prosseguir, mas existe em seu semblante uma cruel angústia. Acontece que ele estava olhando o prontuário do ano velho e chorou, copiosamente, ao ver e ter conhecimento dos acontecimentos. Entrou em estado de choque ao saber que ao ano velho teve infarto precoce, traumatismo craniano, ficou internado na UTI lutando para vencer 365 dias. Foi bombardeado por bactérias e vermes que lhe provocaram infecções e terríveis diarréias.
 
                      O ano novo está tomando suplementos e coquetéis, pois sabe que para vencer a jornada de 365 dias depende muito dos atletas que lhe saudarão no dia primeiro de janeiro. Sabe que há muita desesperança e ceticismo na crença de mudanças, de melhorias, mas sabe também, que estas só podem acontecer se todos se irmanarem num mesmo querer, num mesmo sentir, numa mesma vontade de crescimento e maturação e, uma das principais ações é que se desperte, primeiramente, o eu reflexivo, o sujeito questionador do seu meio.
 
                      Enquanto as algemas do silêncio não forem quebradas e as pessoas permanecerem caladas, ante os atos e fatos, entre o passado e o presente, o futuro se apresentará como caminho pedregoso a ser seguido e, cada novo ano surgirá sempre com a mesma euforia de uma passagem simbólica, mas que no dia seguinte ao primeiro de janeiro segue a mesma trajetória.

                      Que venha o ano novo e que mesmo trazendo em sua mala todas as mazelas do mundo, cada um de nós possa abraçar um ao outro, durante os 365 dias, com verdadeiro espírito fraternal. Que a alegria vivida nos rituais de passagem, se transforme em rituais de vivência. Que sejamos arbustos frondosos à margem do regato e não apenas pinheiro no alto da colina. 

                     A todos que, por ventura, virem ler este meu texto, receba o meu sincero desejo de UM FELIZ E VENTUROSO
2009 cheio de saúde, paz e prosperidade.