IVETE SANGALO E SEU CAMINHÃO

Todas as vezes em que vejo esses excessos penso triste e humilhada na minha condição de professora. Que Ivete e tantos outros tenham tudo, mas que os professores e todos os profissionais tenham dignidade e respeito, além de conforto e dinheiro para não passar vergonha e sentir tão forte a injustiça social.

Não posso negar que muitas vezes me pego pensando que quando me mandavam estudar sem parar era apenas uma estratégia para me manter distraída e não ler o verdadeiro texto de funcionamento do mundo.

Veja, um olhou para o mundo e disse: A Terra é redonda, você sabe no que deu isso; outro tentou ver as coisas, colocaram o livro nas mãos; mais um tentou deixar o livro e colocaram a tela do pc na frente até gerar um nerd. Enquanto isto, la nave va.....

Acho que vou pedir para meus amigos não me mandarem mais e-mails com pps de riqueza do bispo Edir Macedo, das mansões de jogadores de bola, do brinquedo de Ivete. Será que esses remetentes são mesmo meus amigos? Todos eles sabem que sou professora. O pior é que professores hoje têm que ser artistas completos, mas sem caminhão e até o pequeno palco que tiveram foi arrancado da sala.

Mas como ser artista tipo Ivete quem leva o tempo todo se escabelando até ficar desdentado, míope, bunda batida de ficar sentado; fazendo refeições fora de hora, tomando conta de casa, andando em ônibus superlotado, preocupado com dívidas, mal alimentado?

Olhe aí, Ivete, da próxima vez cante assim:"Auto estima, coroa! Auto estima, professora!"