Os outros.

Em geral, nós ainda estamos estacionados no discurso. Falamos com a maior facilidade sobre todas as virtudes, sobre o quanto é necessário aplica-las na nossa vida e até arriscamos algumas dicas sobre como chegar ao estado mais aproximado da perfeição humana possível, dentro do plano Divino.

Lemos diariamente, dezenas de mensagens liiiindas, recebidas pelos muitos amigos da Internet e já nos compenetramos de termos aprendido todas as lições. Mas, até o final do dia, estarão todas arquivadas e devidamente esquecidas. Ou na lixeira, pois não dá para armazenar tudo, senão a memória do micro entra em pane.

Pois é. Nossa memória, nossos neurônios também ameaçam entrar em pane, diante de tanta informação e pressão, no sentido de colocarmos em prática todos esses segredos que nos são confiados.

Aprendemos que devemos ter paciência. Cada um tem seu tempo próprio de aprendizado, de desenvolvimento, de crescimento.

Exercitamos a paciência, enquanto os outros estiverem correspondendo aos nossos anseios. Ao primeiro desvio da meta por nós estabelecida, esquecemos o discurso.

Exercitamos a tolerância com aqueles que nos são afins. Quando eles ousarem pensar e desejar estabelecer outros parâmetros que não os nossos, esquecemos a postura que pregamos.

Somos benevolentes, se os outros não nos confrontarem com idéias discordantes das nossas.

Lembramos da fraternidade, quando a desejamos para conosco, quando esquecemos da autocrítica, antes de entendermos termos sido mal julgados.

Amor, ainda o temos muito mais nos lábios do que nos corações. Ainda é mais sensação do que sentimento.

Ainda vivemos demais, em função dos outros. Eles me julgam? Como eles me vêem? Conhecem-me como realmente sou?

Deveríamos pensar mais em como somos. Somos realmente como pensamos ser? Como vemos os outros? Julgamo-los?

Não temos o direito de impor pontos de vista, crenças, modo de vida. Respeito é fundamental nas relações humanas. E enquanto a preocupação com os outros ocupar um lugar tão importante, ainda não aprendemos o auto-respeito.

Refiro-me à importância que damos à ingerência dos outros em nossas decisões, em nossas opções.

É necessário que comecemos a mudança do mundo, por nós mesmos. É necessário reconhecermos nossos defeitos e aprendermos a dominá-los. Usarmos mais nossas virtudes. Por em prática aquilo que desejamos ensinar aos outros. É pelo exemplo que aprendemos e ensinamos.

Sejamos mais autênticos, mais sinceros conosco mesmos. Deixemos de lado os melindres que apenas atrapalham nossa evolução. Abramos os olhos para o nosso íntimo, pratiquemos o auto-amor, o auto-perdão. Usemos da paciência, da tolerância, da benevolência para conosco, durante essa nossa jornada de crescimento. Aprendizes que somos, estamos sujeitos a erros e é com os erros que mais aprendemos.

O tempo pode não ser tão longo quanto desejaríamos, para iniciarmos essa tarefa de modificação de hábitos, para essa jornada de autoconhecimento. Por isso, devemos iniciá-la já, cientes de que continuarão acontecendo tropeços, mas confiantes de que o esforço será compensado. (11/03/2009)