Deserto

Quantos olhos te veem passar tão perto

sem nunca poder serem os meus?

Não... não é ciúme nem desdém nem desalento

...é tristeza, saudade pura, constrangimento

e essa indagação ao pensamento:

-Por que há os outros olhos que te veem...

e eu aqui... na luta vã... a desfolhar essa distância tanta?

Que fado tirou-nos um do outro naquele tempo longe

em que o viço, a gana de seres meu e eu ser tua

entregaria a nós toda a felicidade apetecida?

O tempo... tanto tempo!

Esse mesmo tempo que hoje vem tão apressado

a querer ganhar para si aquele tempo longínquo do passado...

...assim vivo... nesse mesmo tempo...

sabendo que há os olhos que te veem tão perto

...e eu aqui, tão longe, sem rumo... Tudo é deserto.

lilu
Enviado por lilu em 14/03/2009
Reeditado em 18/03/2009
Código do texto: T1485468