Silêncio

Uma noite comumente silenciosa, devastada pela vertigem enluarada de pássaros que dormem. Doces momentos refletindo a mágica de duas andorinhas. Silêncio. Um pedinte dorme esquecido num banco qualquer de uma praça escura. Silêncio. Um vento suave quase ultrapassa o silêncio da noite morna. Silêncio. Nenhum passo se ouve na madrugada imperfeita. Crianças sob jornais, barriga vazia esperando o dia amanhecer. Silêncio. Nenhuma dor ultrapassa a noite sonhada, torturada e abortada... Silêncio... Sons do nada que adormeceram esquecidos num canto qualquer de um aparato de segurança inútil. Silêncio! Permaneçam em silêncio! Silêncio! Nenhuma profanação será permitida, nenhuma rebeldia, nenhum movimento que quebre a rotina silenciosa do nada...Silêncio?

Angela Leite
Enviado por Angela Leite em 10/07/2009
Código do texto: T1693044
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