[Sem Reação!]

Cada coisa que acontece... vejam como o improvável, o incrível acontece com a gente - não é ficção!

Há muitos anos, 1999(?), fiz uma "edição do autor" de um livrinho meu - "Arribadas, o Passo da Volta". O livro foi ilustrado por Paula Baggio com belas gravuras a bico-de-pena.

Entretanto, a nossa inexperiência com gráficas, etc, fez o esperado: a gráfica, ao processar os arquivos que enviamos, distorceu o texto, "desfocou", chegando a borrar, as belas gravuras que Paula fez para o livro - um absurdo!!

Nunca tentei publicar o livro; apenas alguns exemplares foram utilizados em exposições, um trabalho de interarte que Paula e eu fazíamos, uma conjugação de poesia e pintura. Uns poucos exemplares foram enviados a amigos e parentes.

Os demais exemplares, eu, muito desgostoso com a qualidade gráfica, não enviei às escolas, bibliotecas etc, como era minha intenção original -- descartei num depósito de papéis velhos!

E ontem (13/08/2009), vejam só (a REFLEXÃO abaixo) o que a minha filha encontrou na internet, ao digitar o meu nome inteiro, [inclusive “Silveira”] no google!

É um dos elogios mais sinceros que já recebi pela minha escrita, e "aconteceu" assim, como narrado abaixo. E mais: só chegou a mim... por acidente! Fiquei emocionado, e ainda estou sem reação! Parece coisa de ficção... só acreditei ao ver na tela do micro, a velha (de 2004) página do Jornal Valeparaibano!

Em tempo: o livrinho "Arribadas, o Passo da Volta" foi inteiramente revisto, reorganizado e está guardadinho num diretório do meu computador. Não vou correr atrás de publicar, não vou me submeter ao crivo de editoras, ou de "otoridades de poesia" - não! Farei uns poucos exemplares, à minha custa, é claro, para divulgação restrita, muito restrita meeesmooo! E agora, nenhuma gráfica vai me enrolar, fazer sujeira como da primeira vez... Enquanto nada faço, para partilhar com algumas pessoas as vaguezas da minha escrita, basta-me a dinâmica telinha do Recanto!

Gostaria de encontrar o Sr. Antonio Bicarato, que assina a REFLEXÃO... ah, mas o mundo é tão grande, tão grande... Ver os meus versos resgatados assim foi mesmo uma emoção... pena que tardia!

[Penas do Desterro, 14 de agosto de 2009]

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REFLEXÃO

http://jornal.valeparaibano.com.br/2004/07/14/viv01/cronica.html

Quarta-feira, 14 de Julho de 2004

Coisas velhas...

Muito do que se pensa que só serve para ser jogado no lixo tem finalidades diversas, como encantar e entreter

São José dos Campos

Para que servem coisas velhas, trastes que só atravancam caminhos? Como pensamentos desalmados, coisas velhas só servem para ser deixadas de lado... ou no lixo.

Mágoas passadas, para que relembrar? Como as águas, as passadas, que não movem moinhos, também as mágoas só fazem descer... E alegria de ontem, relembrada na tristeza do hoje, alegria já vivida leva a quê?

Ainda bem que nem tudo o que é velho é traste. Muita coisa, deixada aqui e acolá como se traste fosse, não é velha, e muito menos traste.

Ou será que são trastes letras gravadas numa folha de papel dizendo que

"O bão é o ão,

Fazendão, boizão, dinheirão,

Mulherão, amorzão,

Coisas assim, todas em ão!

Pois o inho,

Além de mesquinho,

Serve mesmo é para quê?"

Ou, quem sabe, talvez seja traste a página intitulada "Arribada", que traz estes versos:

"Olho... olho e dou-me conta,

Também eu sou boi de ribada...

Sou ribada desta vida que passa

E some de vista sem eu tomar tento dela"

Ah! Certamente será traste a velha

"Janela

Crestada pelo arco oeste do sol

E lavada das chuvas de vento..."

Por onde

"Emoldurado pelos velhos umbrais

Entra o mundo."

Pois

"...ali, por vezes, os cotovelos sustentam pensamentos...

Pensamentos transfixados pelo vazio da rua parada,

Anseios escoados da mirada lacrimosa

De olhos que olham sem nada ver."

Mais páginas à frente se lê

"Canta, canta, sabiá,

E me leva de volta aos velhos quintais"

Nos quais

"Muros quebrados,

Taperinha abandonada,

Telhas limentas de borco no chão,

E a eterna perda de eu não ser mais ali..."

Pois é. Foi no lixo que alguém encontrou um pacote de livros, entre os quais "Arribadas", de Carlos Rodolfo Silveira Stopa, que, por sinal, nem velho é (o livro)... Dele selecionei as pérolas acima.

O Carlos Rodolfo, de São José dos Campos, fiquei conhecendo agora... pelo menos um bocadinho dele... através do lixo! Que esperar de um povo assim?

Mas fique tranqüilo, Carlos Rodolfo. A sensibilidade de um manipulador do lixo reciclável de nossa cidade, Guaratinguetá, fez com que ele doasse os livros a uma biblioteca. Menos o seu, que ele reservou para um amigo, o Júlio, professor de Português e dono de entranhado amor pela poesia!...

Antonio Bicarato é de Guaratinguetá

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 14/08/2009
Reeditado em 01/07/2012
Código do texto: T1753747
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