O(a) professor(a) e o(a) intelectual

“Contra certas tentações de dissolver o papel do professor na intervenção das máquinas pedagógicas ou das iniciativas tomadas pelos próprios alunos, quero afirmar a necessidade do professor como intermediário pessoal e personalizado entre o mundo da juventude e o mundo da cultura: o representante da cultura elaborada junto aos jovens. Ele a representa de uma maneira mais adaptada e mais atraente que os encontros comuns.

Para progredir na cultura, o aluno necessita do filtro de uma personalidade; o acesso à satisfação cultural escolar passa por uma pessoa que conhece a satisfação cultural, sabe faze-la partilhar e se esforça para viver a classe de maneira que ela seja partilhada. Um professor que vive as idéias que enuncia; nele, por ele as idéias são encarnadas – e é freqüentemente assim que os alunos começam a levá-las em consideração” (SNYDERS, G. apud SILVA, E. T. ‘Magistério e mediocridade’. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001, p. 15).

“Assim o intelectual é o homem que toma consciência da oposição, nele e na sociedade, entre pesquisa da verdade prática (com todas as normas que ela implica) e a ideologia dominante (com seu sistema de valores tradicionais). Essa tomada de consciência – ainda que, ‘para ser real’, deva se fazer, no intelectual, ‘desde o início’, no próprio nível de suas atividades profissionais e de sua função – nada mais é que o desenvolvimento das contradições fundamentais da sociedade, quer dizer, dos conflitos de classe e, no seio da própria classe dominante, de um conflito orgânico entre a verdade que ela reivindica para seu empreendimento e os mitos, valores e tradições que ela mantém e que quer transmitir às outras classes para garantir sua hegemonia” (SARTRE, J.-P. ‘Em defesa dos intelectuais’. Trad. S. G. de Paula. São Paulo: Ática, 1994, p. 30-31).