Uniban troglodita

Wilson Correia*

Estou estarrecido com o "Caso Uniban".

Hoje, durante aula que ministrei na universidade, e que acabou agora há pouco, analisei o caso assim:

1 - A Uniban faz a autodefesa prévia: na eventualidade de um processo e pedido de indenização, a moça vitima de trogloditas unibaneiros, Geisy Arruda, já entraria em desvantagem no contencioso.

2 - Prevaleceu a ganância financeira: administrativamente falando, é mais cômodo dispensar a vítima (vitimando-a uma segunda vez) do que punir os algozes, uma vez que 700 mensalidades dão mais lucro do que uma aluna sozinha.

3 - A Uniban se comporta como uma empresa: não me parece atitude de uma instituição de ensino, mas, tão-só, de uma empresa preocupara com custos e benefícios, segundo a lógica do capitalismo. Age como universidade operacional (organização) e não como uma entidade de ensino (instituição social).

4 - Lastimável: faz bem a Polícia Civil investigar o caso e fez bem o MEC em pedir explicações no prazo de dez dias, prevendo a "recomendação" (como universidade a Uniban tem autonomia e não pode ser obrigada a cumprir, compulsoriamente, esta ou aquela determinação) à Uniban de reacolhida da garota.

5 - É a Uniban troglodita: prevaleceu a lógica de que é preferível cumpliciar-se com bárbaros a educar homens e mulheres, atividade que as universidades preocupadas apenas com o desempenho empresarial tratam como coisa de somenos. Enquanto isso, afunde-se qualquer bom senso educacional.

Uma lástima!!!

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*Wilson Correia é filósofo, psicopedagogo e doutor em Educação pela Unicamp e Adjunto em Filosofia da Educação na Universidade Federal do Tocantins. É autor de ‘TCC não é um bicho-de-sete-cabeças’. Rio de Janeiro: Ciência Moderna: 2009. Endereço eletrônico: wilfc2002@yahoo.com.br

"UMA BURCA PARA GEISY

Miguezim de Princesa

I

Quando Geisy apareceu

Balançando o mucumbu

Na Faculdade Uniban,

Foi o maior sururu:

Teve reza e ladainha;

Não sabia que uma calcinha

Causava tanto rebu.

II

Trajava um mini-vestido,

Arrochado e cor de rosa;

Perfumada de extrato,

Toda ancha e toda prosa,

Pensou que estava abafando

E ia ter rapaz gritando:

"Arrocha a tampa, gostosa!"

III

Mas Geisy se enganou,

O paulista é acanhado:

Quando vê lance de perna,

Fica logo indignado.

Os motivos eu não sei,

Mas pra passeata gay

Vai todo mundo animado!

IV

Ainda na escadaria,

Só se ouvia a estudantada

Dando urros, dando gritos,

Colérica e indignada

Como quem vai para a luta,

Chamando-a de prostituta

E de mulherzinha safada.

V

Geisy ficou acuada,

Num canto, triste a chorar,

Procurou um agasalho

Para cobrir o lugar,

Quando um rapaz inocente

Disse: "oh troço mais indecente,

Acho que vou desmaiar!"

VI

A Faculdade Uniban,

Que está em último lugar

Nas provas que o MEC faz,

Quis logo se destacar:

Decidiu no mesmo instante

Expulsar a estudante

Do seu quadro regular.

VII

Totalmente escorraçada,

Sem ter mais onde estudar,

Geisy precisa de ajuda

Para a vida retomar,

Mas na novela das oito

É um tal de molhar biscoito

E ninguém pra reclamar.

VIII

O fato repercutiu

De Paris até Omã.

Soube que Ahmadinejad

Festejou lá no Irã,

Foi uma festa de arromba

Com direito a carro-bomba

Da milícia Talibã.

IX

E o rico Osama Bin Laden,

Agradecendo a Alá,

Nas montanhas cazaquistãs

Onde foi se homiziar

Com uma cigana turca,

Mandou fazer uma burca

Para a brasileira usar.

X

Fica pra Geisy a lição

Desse poeta matuto:

Proteja seu bom guardado

Da cólera dos impolutos,

Guarde bem o tacacá

E só resolva mostrar

A quem gosta do produto."