Quem se importa?

Quem se importa:

com coisas que aparentemente não importam?

Com pessoas que aparentemente não se importam?

A historia do conquistado é contada pelo conquistador, verdade antiga, transmutada aos dias de hoje pela mídia, pelo governo atuante, pelos interesses comandantes.

Alienados, levados a crer na identidade de um povo sem raiz.

Proliferam os vícios, os armistícios, a guerra fria do trafico branco por seus guerreiros negros, até a alma.

Sucedem-se os dias, a fome, a dor, sede e miséria... mas quem se importa? Não é á sua porta que bate o frio, a perda, a necessidade urgente até de poder ser: gente.

Quem paga a conta? E faz de conta que não tem nada com isso?

Ultrajantes noticiários invadem os lares semeando tragédias a granel, e os viventes, indiferentes, continuam aceitando seu papel: coadjuvantes na vida.

Quem se importa com o velho que morreu ontem na fila do hospital? Com o garoto no semáforo em lugar da escola? Com o moço espancado na saída do futebol? Com a artrite da velha senhora? Com os milhões sem voz, sem comida ou água?

Quem se importa em semear o trigo do amanhã, a educação do futuro, o conhecimento do porvir?

Hoje uma arvore caída agoniza na floresta e ninguém se importa. Amanhã a floresta inteira estará morta, e daí? Você estará em casa, confortável, aquecido por trás da sua porta.

A flor que o vento beijou vive no perfume que o vento levou.

Quem se importa?

Não há um Deus com raios na mão esperando punir os maus meninos, nem ninguém que peça contas pelos esquecidos, subnutridos, mortos ou vivos.

Quem se importa com a moralidade, educação, verdade, respeito, gentileza, elegância, civismo, quando tudo se volta aos corruptos e corruptores, sem ética, noção de valores, decência, honestidade?

Quem se importa?