Perambulando

Queria debandar-me por aí, afora,

Sem compromissos, sem artifícios,

Que exigem, para as coisas, a hora.

Cantar no Sol, quando aparece,

Dançar na Chuva, que só desce,

Qual pirraça, pedindo o choro.

Queria ser os verdes dos campos,

Os pássaros, entre outros tantos,

Afinando desta Vida, lindo coro.

Queria pisar nos ramos secos,

Sentir meus passos definidos,

Mesmos dos espinhos atingidos,

Meus rumos ficassem ilesos.

Queira ir para onde vai o Vento,

Sem eira nem beira, assoprando,

Uma Canção, como que segredando,

E destravando quem é tormento.

Queria dizer como a Natureza diz,

Sem tanto esforço, caos ou euforia,

Que nem tudo se derrama em garoa fria,

Quando na busca, procuras ser feliz.

Queria isto, tão somente isto, queria,

Sentir o que sentia Francisco de Assis...

Eu queria, tão somente, eu queria,

Que este Mundo fosse, numa gente só.

Içada a poeira, fosse, então, esse pó,

Reflexo da humanística Alegria.