Um Ano Novo Iluminado.
 
               O fim, o início, o bem, o mal, a vida, a morte, coexistem em todas as pessoas e se manifestam em todas as etapas da vida. Essa dualidade, bem como o conflito, fazem parte da existência humana, entre quem somos e quem queremos ser. É através das vivencias que descobrimos o sentido e o valor da vida. Sabemos o que é a coragem porque já experimentamos o medo; sabemos o que é a amizade por termos inimizades, no entanto, tentamos negar a nossa natureza dualista, relutamos em admitir os defeitos, os erros e as fraquezas tão fundamentais para descobrir as potencialidades, o poder e a força que possuímos.
               Ao chegar ao final de mais um ano dificilmente avaliamos os fatos que nos levaram até aqui. Mesmo que alguns acontecimentos tenham fracassado é importante avaliá-los para melhor compreender no que tivemos êxito. Porém, o exercício preferido, geralmente, é tentar esquecer os insucessos e projetar o Ano Novo mais próspero, aliás, esse exercício é saudável e recomendável para nos energizarmos na busca de nossos sonhos. Entretanto, sem a percepção de que neste mundo dual a projeção de novos sonhos, sem o entendimento da realidade pessoal, não terá o efeito desejado. É essencial iluminar as sombras interiores, comportamentos e vícios que vivem em nosso intimo. Identificá-los e enfrentá-los sem medo, mesmo que não possamos derrotá-los, é importante resistir e fazer com segurança o próprio destino. O processo para eliminar as sombras interiores é longo, então é preciso encontrar um modo de se relacionar com elas, tirar proveito da sua existência para descobrir nossas grandezas no constante embate da dualidade humana.
            Aproveitar o final de ano para enterrar os aborrecimentos sem compreender os acontecimentos que os fizeram se manifestar é como querer afundar uma bola na piscina. Pode até funcionar por alguns momentos, enquanto estivermos empurrando-a para baixo, mas logo era retornará com toda a intensidade. O melhor a fazer é encarar os aborrecimentos admitindo sua existência e transformá-los em aliados para descobrir novas formas de superá-los. Examine as razões que os fortalecem e procure eliminá-los gradativamente, ou simplesmente reconheça que ainda não podem ser eliminadas, mas jamais permita que se tornem um empecilho para avançar. Lembre-se, são apenas exemplos do que não deve ser feito.
            Somos condicionados a temer o desconhecido, porém, ao chegar um ano novo nos enchemos de esperanças e certezas de que esse será melhor que o anterior e repentinamente parece que todos se tornaram otimistas com o futuro. Passado alguns dias, no máximo dois meses o pessimismo e a desesperança se instalam e passam a guiá-los e a determinar todas as atitudes. Este é um comportamento típico da manifestação e do desconhecimento das próprias sombras, pois mesmo que tenhamos momentos de angustia, indefinição e pessimismo, devemos prosseguir. Exceto alguns privilegiados, todos os demais tem frequentes momentos de desespero, tristeza e até depressão, porém percebem que estão sendo dominados por suas sombras e agem para reassumir o controle de suas vidas. São esses que no final de ano tem boas razões para comemorar e a certeza de que o ano novo será ainda melhor. Quem conhece as próprias sombras não lamenta o final de um bom ano ou festeja o final de um mau ano, pois compreende a dualidade de si mesmo, sabe que é apenas a renovação de um ciclo.
            A renovação presente no ano novo é um convite a transformação interior que é feita através da esperança, manifestada em rituais de boa sorte, realizados na passagem de ano. Contudo, o que colhermos será fruto do que cultivamos em nosso coração se tivermos permitido o nascimento dos ensinamentos do menino Jesus, o ano será frutífero, porém se deixarmos as ervas daninhas, ocultas em nossas sombras invadirem o coração, a colheita será escassa e triste. Somos criados para viver na fartura, mas o livre arbítrio pode nos levar a escassez, portanto tome decisões conscientes capazes de conduzí-lo aos próprios objetivos. Mas lembre-se que decisões conscientes não podem estar contaminadas pela sombra, mesmo que elas existam, não permita que contaminem seu destino.
            Os desejos de Ano Novo são uma forma de manifestação da luz que existe em cada um de nos, a luz que nos empurra para o crescimento e a verdadeira felicidade. A inocência e pureza de cada pedido, a esperança e certeza da concretização resultam da manifestação desta luz. Nesta hora toda a energia vital, volta-se a realizar estes desejos, por isso somos tomados de uma enorme certeza de sua concretização. O eventual insucesso resultará das ações indevidas que tomamos incitados pelo lado sombrio.
            Que neste novo ano possamos iluminar cada vez mais nosso interior, identificando nossas sombras para podermos enfrentá-las com respeito, força e coragem. Assim como todos os desafios que envolvem o crescimento material e espiritual da família, sociedade e do planeta, fortalecendo-nos na esperança de que um novo ciclo se inicia. Um ciclo de amor, solidariedade, caridade e prosperidade para todos os povos, no qual todo o conhecimento adquirido pela evolução humana possa servir de instrumento para ações mais fraternas e amorosas. Feliz Ano Novo.