DESEJOS

Não quero largar a plantação e fazer de conta de que nada aconteceu

Não quero simplesmente pisar sobre as sementes alheia a terra que outrora revolvi

Não quero um jogo de faz de conta sem me dar conta que os espinhos das rosas ainda me sangram

Não quero um sim por conveniência, mas um não pelo o que é injusto

Não quero me despir diante da sua nudez para me sentir cumplice de algo não tentado

Não quero aplaudir o espetáculo sem ao menos saber o script do show

Não quero abrir a minha porta sem a certeza de que voltarei para fechá-la

Não quero um pequeno barco em meio a um mar bravio

Não quero muletas por compensação

Não quero um choro depois do riso

Não quero mais, não quero mais

Mas quero acreditar no gargalhar da felicidade

Quero ouvir com nitidez o tilintar de nossas taças

Quero meu rosto nítido em nossas alianças

Quero voltar as gangorras da vida

Me embolar em meus desejos

Me amparando na sinfonia

Extasiada diante do meu ser

Quero me dar as mãos.

Maria Bernadete
Enviado por Maria Bernadete em 23/01/2011
Código do texto: T2746711
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