Mentiras caridosas

Deparamo-nos muitas vezes, com situações em que não conseguimos nos desvencilhar da tarefa de transmitirmos a pessoas de nossas relações, notícias desagradáveis, quando não, trágicas.

Um diagnóstico de doença grave, incurável quem sabe. Acidentes com resultados irreversíveis, ou mesmo, rompimento de relações.

Quanto mais postergarmos, quanto mais tentarmos usar de metáforas, atalhos, ou as conhecidas “mentiras caridosas”, mais expectativas estaremos criando e pior poderá ser a reação da pessoa a quem nos dirigimos.

Quando se trata de doença grave, o próprio doente percebe a diferença de tratamento que seus familiares passam a lhe dar. Por mais que nos esforcemos para parecermos naturais, deixamos de sê-lo, justamente por isso. E acredito que seja péssimo para o estado emocional do doente.

Também mentir, ou omitir a verdade para com familiares é cruel. Um filho que esteja em estado terminal e os irmãos falam aos pais que o filho está bem, reagindo, logo estará bem. De repente vem a notícia de que o paciente acabou de falecer.

Não sirvo para isso. Não costumo usar panos quentes. Claro que é preciso ter sensibilidade para dar as notícias, mas sem subterfúgios. Mentira é mentira sempre.