Desabafo

Chega de mediocridade nas IFES

Wilson Correia

Não vou relatar os casos que ocorrem comigo aqui nos espaços público da universidade pública porque eles pululam e relatá-los seria redundância, pleonasmo, tautologia. Qualquer relato sobre esses casos me exigiria bem mais dispêndio energético do que abrir os olhos. E, para quem não tem ferrolho no olhar, abrir os olhos não custa nada... é como respirar.

Pergunto-me, porém, qual é a mesmo a função institucional e social de uma IFES – Instituição Federal de Ensino Superior, que não tem dono porque os donos somos todos nós, inclusive aquele que nunca terá o direito de adentrar salas de aula de uma universidade pública?

A legislação me garante que uma universidade pública não está a salvo de ter que seguir os chamados "princípios da administração pública", tais como eficiência, impessoalidade, legalidade, moralidade e publicidade. Segundo esses parâmetros, “passar um fax” (atividade-meio) seria um ato justificado perante a necessidade de se cumprir um fim maior (fazer o exercício profissional do agente público se realizar a contento, de modo a cumprir sua função social, pensando naquele “pobrezinho” que paga, inclusive, nossos salários). Mas... Às vezes, passar um fax vira uma tentativa frustrante, quase sempre malograda...

Mas... uma casa onde o dono da casa não tem liberdade de ação seria uma excrescência. É preciso ter regras para o uso de coisas, instrumentos e espaços? Quem duvida? Onde circula muita gente, regra é para facilitar a produtividade, porém, sem atentar contra os princípios anteriormente registrados.

No lastro do que foi dito anteriormente, assenta-se toda a ética e toda a etiqueta possível ao exercício da função pública na universidade federal. O que dizer de um ente público (diretor, por exemplo) que bater a porta na cara daquele que julga oferecer algum perigo imaginário (não sei a quem) e só abri-la àqueles aliados imaginários?

Ora, republicanamente falando, o cargo público é serviço à sociedade, à comunidade, e o diretor (e o que o valha), para cumprir aqueles princípios, a ética e a etiqueta profissionais, não pode e nem deve pernosalizar assim o cargo público, como se pessoal fosse, ainda mais perante situações em que o servidor a ser recebido pede apenas para cumprir o seu “estrito dever profissional”. Um ente público (e humano) deve ter a presteza para atender a todos, seja "Y" ou "X".

O que dizer da perseguição mediante a instrumentalização do cargo público? O que dizer da arrogância? O que falar da empáfia? Como encarar os "super isso e aquilo", que se julgam acima do bem e do mal (fantasiosamente, claro!)? O que falar da “distribuição” de benesses aos que se julga aliados, em prejuízo do bem público, da competência, de critérios justos de acesso às liberdades de ação republicanas em uma universidade federal? Além disso, o que falar da fofoca, daqueles que disseminam imagens falsas de colegas que não se deixam cooptar? E o que afirmar sobre quem “compra” essa imagem, tendo uma visão de “A” tendo sempre ouvido “B”, mas sem nunca conviver com “A” ou ir até ele perguntar se ele é assim mesmo como “dizem” (o conhecimento de “ouvir dizer” é o último dos últimos em qualquer abordagem epistêmica que se faça)?

É por essas indagações, meus caros, e por outras dezenas, que compartilho do estranhamento de vocês. Torçamos para que educadores sejam educadores onde quer que estejam e que nos respeitem, porque o nosso mister é o de educar: primeiro, a nós mesmos; em segundo lugar, a quem senta na carteira diante de nós na condição de aluno ou aluna. Não é sem tempo que precisamos de não medíocres. Já temos mediocridade até demais. O que nos falta é exemplo...

Exemplo, isso que tanta falta nos faz...