A VIGILIA

Um homem e foi designado para cuidar de tartarugas numa ilha distante. Era ele um quelonógrafo. Ele cumpria à risca seu desiderato, observando suas relíquias dia após dia. Porém, certo dia houve na praia uma invasão de tartarugas que passaram a cavar na areia para pôr seus ovos.

Ele ficou encantado, pois conhecia a teoria, mas nunca havia presenciado aquele ritual. Maravilhado, tomou o pequeno barco e foi até o continente dizer a seu superior o que acontecia no atol. Chegando ao departamento, esbaforido pela viagem, disse ao superior:

— Chefe, milhares de tartarugas estão a desovar na praia e milhares de novas tartarugas irão nascer em breve!

— Puro engano — disse o superior — quando lá voltar não haverá um só ovo. Os saqueadores vão agir na sua ausência. Você estava lá exatamente para esse momento — catalogar as tartarugas e vigiar seus ninhos. No entanto, está aqui, me avisando sobre algo que eu já sabia. Deveria me avisar apenas quando as tartaruguinhas já tivessem nascidas e em segurança no mar.

Este texto foi retirado do romance “O Mentor”.

Hamynhas Mathnatha
Enviado por Hamynhas Mathnatha em 27/08/2011
Código do texto: T3184746
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