Acarício da Dor

Nunca fui e nem sou amante de todos os amos, nem mulher de morar em casinhas de luzes falsas de Natal. Não sou de viver atrelada as mesquinharias do mundo, ao bolso fácil, à pequenez do shopping, às pistas da moda, ao luxo vazio e sem sentido. Nem nunca fui e não sou mulher de esconder sentimentos, de ir embora, fugir de mim e dos outros, de desistir dos sonhos e matar estrelas para calarem suas vozes. Nunca quis ser isso. Pelo contrário: Sempre quis ser Maria de todas as estações, colorida de amor e enfeitada de alegria e esperança para todos os dias. Desejei ser a rainha que nunca fui, a princesa diária, a aragem que chega, a neblina que esconde a surpresa, a oração e a promessa, a veste do rei. Almejei ser a voz de acarício, o canto das flores, o som do regato e a orquestra que toca a música do imperador. Quis ser o acalanto da dor, o alento da noite, a paixão que enfeitiça, o amor que renasce e faz do branco da tua vida, um arco-íris de cor.

Maria
Enviado por Maria em 01/09/2011
Reeditado em 01/09/2011
Código do texto: T3194453