Odacir Acadhin - Meu comentário

Ontem recebi do amigo Dionísio Teles duas indicações de leituras referentes a dois textos do mesmo autor - Odacir Acadhin. Ao terminar de ler o primeiro texto indicado, intitulado "Sobre a situção no Recanto", senti que o espaço para comentários era demasiado curto para poder expressar o meu, mesmo porque o autor tece críticas severas aos textos curtos como poesias e afins.

Hoje voltei à página do Odacir para reler o texto e fazer meu comentário e me deparei com outro aspécto que me chamou a atenção. O texto "Sobre a situação no Recanto", que ele classificou como "ensaios" é o mesmo texto "Leiam, é urgente (uma mensagem sincera)" que ele classificou como "mensagens-amor".

Esse fato despertou ainda mais minha curiosidade, fato que me levou a constatar que em sua página não apenas esse "ensaio/mensagem-amor" está duplicado, mas também o "Ensaio sobre a literatura", com o mesmo título, sendo um classificado como "ensaio" e o outro como "teoria literária".

Pesquisando um pouco mais, percebi também que a "poesia" intitulada "Adultérios poéticos" é a mesma "poesia-amor" intitulada "Adúlteros poetas". Em suma, numa rápida pesquisa pude notar a publicação em duplicidade de três textos. Assim sendo, das 23 publicações feitas pelo autor até aqui, podemos considerar 20 textos.

Ao ler os seis textos acima mencionados - três de fato - pude perceber o quanto além de crítico e sarcástico ao extremo, o autor é repetitivo.

Em "Sobre a situção no Recanto" - bem escrito por sinal - o autor compara o Recanto ao Orkut e ousa até expulsar muitos do que aqui estão, taxando-os de rídiculos e dando a ele próprio o título de Dom Quixote, com a pretenção de "limpar" o Recanto de todos vocês que são ridículos, miles away de se tornarem um Machado de Assis ou Guimarães Rosa, com seus pobres textos "cuspidos dos pensamentos", sem revisão e que se tornam meros "rabiscos" a serem comentados por "seus(nossos) amiguinhos", lembrando-nos ainda que Deus nos deu o dom de pensar antes de fazerem as coisas. Sinceramente Odacir, por mim mesmo e pelos meus "amiguinhos" me senti ofendido.

Ainda nesse ensaio, você afirma que "com esse enorme despejo de sofrimento e dor em versos, que quase sempre são mal-feitos, se tira o espaço de muitos". Ouso aqui lhe perguntar quem você pensa que é para nos julgar, tolher nossos espaços ou nos expulsar do site?

Veja bem, não discordo de você completamente quando afirma que alguns textos aqui publicados não são o que podemos classificar de verdadeiras obras de arte, no entanto, você bem o sabe, o conceito de beleza é bastante subjetivo. O que para alguns é lindo para outros não é bem assim. Definir a estética é difícil porque não existe um consenso entre os teóricos sobre o conceito.

Além disso, a palavra "estética" não está restrita ao âmbito da filosofia. É cada vez mais notória a sua utilização no senso comum, saia à rua e verá inúmeros centros estéticos espalhados por aí. Esse empréstimo de um termo filosófico para a vida cotidiana dificulta ainda mais uma tentativa de definição, pois chega ao senso comum totalmente fragmentado.

A beleza já era objeto de análise na Grécia Antiga porém, diferetemente de hoje, o estudo do belo não se dirigia à beleza de um objeto artístico, muito pelo contrário, era entendido de maneira mais ampla, abrangendo o todo natural. O estudo da arte, denominado pelos gregos de poética, era independente do estudo do belo. A visão de Platão sobre a arte e o belo deixa clara essa distância. Para ele, o belo é manifestação evidente das idéias, enquanto a poética é mera imitação (minimesis) do real. Uma pintura seria nessa visão uma cópia da natureza e sua relevância não muito significante. Hierarquicamente o belo é superior à poética.

Já Aristóteles diz que a poética possui a função da purificação(cartase) em relação ao belo. A partir do Renascimento, a apropriação da teoria Aristotélica visou sobretudo, ao estabelecimento de regras para a produção artística, enquanto que a Idade Média foi marcada pela filosofia Platônica da arte. Não se pode definir exatamente o que seja o belo, existe apenas um certo consenso sobre ele. Quem poderia negar a beleza do Grand Canyon, do Himalaia ou mesmo da natureza humana? A estética em si é fundamentada na ciência da sensibilidade, afirmou Baumgarten que foi o primeiro a se utilizar da palavra.

Já Immanuel Kant utiliza o termo estética apenas para estabelecer o juízo estético, que se formam do prazer resultante do jogo livre entre a imaginação e a intuição. Para ele, o belo não está no objeto (poesia por exemplo), mas no próprio sujeito (poeta, criador, etc). Não há finalidade no belo, como em Aristóteles, Kant afirma que o belo existe como fim em si mesmo.

Então meu caro, penso que lhe seria de bom alvitre não julgar as pessoas pela estética de sua arte mas antes, tentar ler(ou ver) nas entrelinhas, a intenção, a vontade e a beleza do ser criador, ainda que seja em suas demonstrações de carinho, afeto e amizade pelos demais companheiros do Recanto.

Li um comentário dias atrás que sugeria que o Recanto fosse dividido/classificado pela "grandeza" do escritor, entre medíocres e excelentes. Como seria difícil essa análise, já que o senso estético difere de pessoa para pessoa, sugiro então que vocês que se consideram exímios escritores, mudem sua classificação entre amadores, semi-profissionais e profissionais. Assim você não perderá seu tempo lendo amadores como eu, que costumam escrever seus textos diretamente na escrivaninha do Recanto e os publicam sem revisá-los.

Um grande abraço!

PS: Agradeço aos ensinamentos de Joana Pinheiro Gomes Aréas, mestranda em estética da PUC-SP, que entre outros, escreve para o Jornal do CEPA - Órgão de divulgação lítero-filosófica do Círculo de Estudo, Pensamento e Ações, de Salvador-BA, do qual faz parte minha mãe, Ita Carneiro Moreira, licenciada em Educação Artística pela UCSAL e Pós-Graduada em Psicopedagogia, Latu Senso em Artes na Espanha e membro da ADESGUE.