Em cima do muro

Ficar em cima do muro parece ser a menos tolerável de todas as estratégias humana para ausentar de qualquer catástrofe que ameace, venha de onde vier, chegue de onde chegar. Não fazer parte da outra dor, abre-se mão até dos risos, do que poderia ser.

Não fazer parte, estar fora de tudo é uma inteligente e sustentável armadilha pra quem almeja o que for. Se a pancada vem do alto, atento, se abaixa. Quando é pra defender, melhor sair de fininho! Alguém esteve aqui? A presença e ausência na confusão tornam-se imperceptíveis.

Não se pode nem deve esperar nada, todos andam enraizados no medo e na desconfiança de serem enganados. Enganados por quem e por causa. Saber o que é mais forte torna-se algo tão difícil de contestar, que muitas vezes a razão está tão perto e, por alguma coisa duvida-se de tudo, até da própria razão. Há perigo nas esquinas, há perigo em qualquer parte que volta o olhar. Tão perto, tão aconchegante ao abraço, à carícia, tão malicioso a mente entre beijos.

As palavras existem pra serem expulsas, mas, mudas, expulsa tudo o que pode querer. No descontentamento, os olhos ativos ao muro, deixa desejar a si mesmo a reação de tudo. Todo momento é hora pra falar do que sente, não faltam palavras, falta o sentir maior que confronte o medo. Não saber dizer, é confessar a aridez. Em cima do muro, ser sincero, não gera dor nem perda.

adiv
Enviado por adiv em 30/03/2012
Reeditado em 30/03/2012
Código do texto: T3585333