Amor e convivência
Quando o conheci, nada senti.
Eu só o via na praça. Era simpático, atraente. Aos poucos percebi que meus olhos o procuravam e quando não aparecia, meu coração ficava apertado.
Todos os dias, lá estava eu a procura-lo.
De repente, simplesmente de repente, os nossos olhares se encontraram e a aproximação aconteceu.
Houve uma atenção profunda e o objeto dessa afeição, foi o conjunto de fenômenos cerebrais e afetivos que constituíram o instinto sexual que liga uma pessoa a outra, por laços, que eu chamo de amor.
Passamos a nos ver todos os dias. Era um café, um cinema, recebimento de flores, presentes, passeios de mãos dadas e, finalmente, a morar juntos. Uma delicia!
Acordava com seus beijos e abraços, que infelizmente, foram espaçando...
Já não recebia flores, já não recebia presentes e os beijos eram raros.
Se eu pudesse, voltaria àqueles dias que, ansiosamente, esperava o seu chegar naquela praça.
A familiaridade, o trato diário, a coexistência real, não é só romance.
Essa convivência falsa, a do meu caso, destruiu a ilusão de que aquilo era amor. No meu caso não foi.
Quem sabe se eu convivesse antes de pensar que o amava não daria certo?
Eu escrevi sobre amor e convivência. O certo não será convivência para amar?