Saudade

Não existe poeta, candidato a, escritor profissional ou amador que não escreva, ou já tenha escrito algo, sobre a saudade. Uns falam com melancolia, outros com tristeza profunda, outros apenas com saudade. Em geral, como um lamento, pelas coisas que existiram em tempos idos.

Marcel Proust diz que “a verdadeira viagem do ser humano consiste não em buscar novas paisagens, mas sim em ver com olhos novos”.

Já chorei de saudade, já lamentei perdas, já perguntei por que comigo. Não resolveu, nada mudou, não recuperei o que considerava perdido. Segui o conselho sábio e passei a ver com novos olhos.

Olhos de quem aprecia o que viveu, como estágio necessário, mas não definitivo. Que aprendeu a valorizar cada momento, dentro de seu próprio contexto. É difícil aprender a aceitar que fatos e pessoas que nos proporcionam uma grande felicidade hoje, amanhã podem ser motivo de grandes tristezas. É o rolar do tempo. Nada será daqui a pouco, como está sendo agora.

Veio-me à mente, uma comparação engraçada. Imaginem que estamos dentro de um carro, andando por uma imensa estrada. O carro se desloca, constantemente, mas a paisagem continua exatamente a mesma, por quilômetros e mais quilômetros. Tudo se repete. Os mesmos postes, as mesmas marcas na estrada, os mesmos sinais, até mesmo o gado que pasta no campo, é exatamente o mesmo, constantemente. Pode? Não.

A paisagem, tudo que a compõem, pode se assemelhar, mas absolutamente nada será igual. Assim são os fatos e as pessoas. Mudamos constantemente, em todos os sentidos.

E se mudarmos nosso olhar sobre o que faz parte do passado, podemos vivenciar momentos de alegria, de realização pessoal, sem obrigatoriamente abrigarmos esse sentimento de frustração, de perda, que geralmente acompanha o sentimento de saudade.

07/02/2007