Os Sons da Floresta

Os Sons da Floresta

Há muitos séculos atrás, um rei mandou seu filho estudar medicina no templo com o grande mestre Pan. O objetivo era preparar o príncipe para ser um grande médico.

Após muitos anos de estudo e já chegando a época de voltar para casa, o mestre Pan chamou o filho para a última lição. O príncipe deveria ir sozinho à floresta e voltar um ano depois, com a tarefa de descrever os sons da floresta. Passado o prazo, o príncipe retornou e Pan lhe pediu para descrever os sons de tudo aquilo que tinha conseguido ouvir.

“Pude ouvir o canto dos cucos, o roçar das folhas, o alvoroço dos beija-flores. A brisa batendo suavemente na grama, o zumbido das abelhas e o barulho do vento cortando os céus”, respondeu-lhe. Quando terminou o mestre mandou-o de volta à floresta para ouvir tudo o que mais fosse possível . O príncipe ficou intrigado com a ordem do mestre. Ele já não tinha distinguido cada som da floresta?

Por longos dias e noites, o príncipe se sentou sozinho na floresta, ouvindo,ouvindo, mas não conseguindo distinguir nada além daqueles sons já mencionados ao mestre. Então, certa manhã, sentado entre as árvores, começou a discernir sons vagos, diferente de tudo que ouvira antes. Quanto mais atenção prestava mais claros os sons se tornavam. Uma sensação de encantamento tomou conta do jovem médico. “Esses devem ser os sons que o mestre queria que eu ouvisse”, pensou. Sem pressa, o príncipe passou horas ali. OUVINDO E OUVINDO PACIENTEMENTE. Queria ter a certeza que estava no caminho certo.

Quando retornou ao templo, o mestre lhe perguntou o que mais ele tinha conseguido ouvir. “Mestre, respondeu-lhe, quando prestei mais atenção, pude ouvir o inaudível, o som das folhas se abrindo, do sol aquecendo a terra e da grama bebendo o orvalho da manhã”. O mestre acenou com a cabeça em sinal de aprovação. “OUVIR O INAUDÍVEL É TER DISCIPLINA NECESSÁRIA PARA SE TORNAR UM GRANDE MÉDICO”, observou o mestre.

Apenas quando se aprende a ouvir o coração das pessoas e não apenas seus frios batimentos cardíacos, seus sentimentos mudos, os medos não confessados e as queixas silenciosas, um médico pode inspirar confiança a seu paciente, pode entender o que é a doença e atender às reais necessidades daqueles que precisam da sua ajuda. O fracasso na ARTE DE CURAR começa quando o médico ouve apenas as palavras pronunciadas pela boca, sem mergulhar a fundo na alma dos doentes para ouvir seus sentimentos, desejos e opiniões reais, sem ouvir aquilo que não é dito.

Autor Desconhecido