Carta aos professores e professoras

Carta aos professores e professoras de Amargosa

Wilson Correia*

“Mas só existirá ensino de qualidade se o professor e a professora forem tratados como as verdadeiras autoridades da educação, com formação continuada, remuneração adequada e sólido compromisso com a educação das crianças e jovens” (Dilma Rousseff, Discurso de Posse).

"Não há como, no Brasil, se fazer qualidade da educação sem pagar bem o professor” (Dilma Rousseff, no último debate político, na Globo, durante a campanha eleitoral de 2010).

“O professor, pra ser valorizado, ele precisa de ganhar bem. E mais: ele precisa ter formação continuada. Não se pode, também, estabelecer com o professor uma relação de atrito quando o professor pede melhores salários: recebê-los com cassetete ou interromper o diálogo" (Dilma Rousseff, no último debate político, na Globo, durante a campanha eleitoral de 2010).

“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda (Paulo Freire).

“O homem é aquilo que a educação faz dele” (Immanuel Kant).

“Vocês deviam estar na sala de aula”. “Vocês não trabalham e, se depender de mim, não terão salário”. “Eu nunca vi ninguém ficar em casa anunciando as férias e ainda ter a petulância de querer salário" (Jacques Wagner, em 27 de junho de 2012, em Campo Formoso, BA, discursando sobre a greve dos professores e professoras do Estado da Bahia).

Colega professor, colega professora. Creio que as citações acima são de seu conhecimento. Nas duas primeiras, Dilma presidenta louva o valor da docência e propõe formas dignas de tratamento aos mestres e mestras. Nessas falas, Dilma surge perfilada ao lado de ícones da educação do porte do filósofo Kant e do educador Paulo Freire. Palmas! Aí ela foi realista.

Na última frase que citei, contudo, surge um companheiro de Dilma Rousseff que, qual um desmancha prazer, estilhaça todos os pensamentos anteriormente lembrados. Todos nós sabemos o que essa peça de oratória maldita significou para nós: descaso, desrespeito e humilhação para todos nós, para todos os professores e professoras da Bahia.

Jacques Wagner não ficou apenas ao nível da verbalização. Ele cortou salários. Impediu o acesso aos serviços oferecidos pelo plano de saúde sob o qual os professores e professoras estão abrigados. Ele demitiu. Perseguiu. Humilhou. Ofendeu. Ele usou a força trituradora do Estado para aniquilar professores e professoras.

E Jacques Wagner não agiu isoladamente. Ele estava sintonizado com Brasília, pois a presidenta que, em campanha, nos seduziu, no exercício da presidência não fez mais que se revelar o avesso de tudo aquilo que nos disse. Também ela se fez inimiga da educação, repetiu Wagner em tudo em nível federal e sequer se dignou a dialogar conosco, interrompendo a frágil interlocução que o Ministério da Educação estava entabulando conosco. Os frutos dessa fuleragem todos conhecemos!

Aqui em Amargosa, em nível municipal, o atual prefeito segue seus mentores maiores. Empregado do povo, ele se esquece disso e começa a dizer que são obras próprias ou de seu candidato aquilo que até quem nunca pisou em uma escola sua para garantir, sobretudo por meio de impostos e taxas recolhidas ao erário. Ele, Valmir, também comemora e faz verdadeira farra em cima de indicativos do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) que se revelou uma verdadeira enganação, uma farsa, um arremedo de avaliação que zomba da nossa inteligência. Se seu próprio filho, professor e professora, tira 4,8, sendo que podia tirar nota dez, ou próxima disso, você parabeniza seu filho ou lhe aperta o cinto para que estude mais e se saia melhor? Pois é! Temos um prefeito e um candidato a prefeito que está fazendo festa porque a educação em Amargosa tirou a nota 4,8.

Não é sem motivos, pois, que, dos universitários de hoje (e eu estou em sala de aula de uma universidade federal para testemunhar sobre essa realidade), 38% deles, universitários, são analfabetos funcionais. Dilma, Wagner e Valmir (todos do Partido dos Trabalhadores, esse odioso PT) estão mancomunados visando a fortalecer a enganação, a farsa e o engodo educacionais no Brasil, na Bahia e em Amargosa.

Sim, um povo aparentemente escolarizado é mais fácil de enganar. Mas a nós eles não enganam. A verdade precisa ser dita. Agora é a hora de darmos o troco. É o momento de trabalharmos por candidatos que, realmente, têm um compromisso consequente com a educação emancipatória, cidadã e libertadora de nossas crianças, jovens e adultos.

No contexto de Amargosa, não vemos outra alternativa que contemple tudo isso fora da candidatura de Karina Silva e César Mercês, do PSB 40. A eles, pois, nossa simpatia, nosso apoio e nosso voto.

Vamos colocar gente que não foge da escola, nem da faculdade para cuidar de nossas escolas. Vamos colocar gente que não desiste de seus projetos pessoais e profissionais para cuidar de nossa educação.

Esses são Karina Silva e César Mercês. A primeira, formada em Gestão Pública pela UFBA. O segundo, escolado empresário que, do nada, fez-se com arrojo, força de vontade e fidelidade ao que de melhor ele tem em seu próprio ser.

A eles o nosso voto e o voto de tantos quantos, Amargosa afora, querem o melhor para nossa gente, bem como o devido respeito à verdadeira cidadania.

Abraços fraternos!

Prof. Dr. Wilson Correia.

*Professor Adjunto de Filosofia da Educação do Centro de Formação de Professores da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia em Amargosa.