João Ninguém

JOÃO NINGUÉM

Numa cidadezinha do interior do Rio de Janeiro lá perto da divisa com Minas Gerais, havia um menino que ao nascer já tinha sido marcado pelo destino para ser o que ninguém gostaria de ser, ou seja não ser.

Tudo que pensava em fazer, alguém já havia pensado antes, quando idealizava alguma coisa, normalmente não dava certo porque nunca tinha as condições necessárias para executar como deveria e assim ele começou sua vida se é que podemos chamar de vida uma situação tão patética quanto essa.

Um dia achando que nada poderia mudar em sua vida, achou pôr bem sair andando pelo mundo, pois se nada dava certo, não havia motivo para continuar em uma cidadezinha tão pequena ou talvez quem sabe até menor que ele.

Foi assim que ele começou a ser conhecido como ninguém, pois nem nome ele tinha, sabia-se que algumas vezes alguém gritava . O João, O João Ninguém, e assim cada vez mais ele ficava conhecido ou seja desconhecido pois seu nome verdadeiro nem ele mesmo lembrava.

A casa em que nascera era tão pequena quanto era a sua perspectiva de vida mas a esperança de mudar essa situação ainda não havia morrido dentro de seu pequeno corpo , deformado pelo desgaste da falta de comida , água e sal aquele que alguns davam para o gado da região.

Mesmo assim ele não desistia, toda vez que algo não dava certo ele se reerguia e tentava novamente pois ele sabia se assim não o fizesse acabaria acreditando que realmente não era ninguém.

Os dias foram passando e com o decorrer do tempo as coisas começaram a mudar, as pessoas já não o chamavam mais de O João Ninguém, mas sim de João, que também não era seu nome verdadeiro.

Como nada é eterno na vida sua falta de sorte também não poderia ser, e num belo dia chuvoso, eis que derrepente surge em sua frente alguém que ele nunca havia visto, mas já havia ouvido falar um amigo de todas as horas que nunca o abandonou, muito pelo contrário sempre esteve perto nas horas mais difíceis de sua vida inclusive no momento em que as portas da oportunidade da reencarnação estavam se abrindo, no momento em que todos tem que tomar a decisão do que fazer, como fazer, e o que ser, e porque ser e de que forma ser , nesse momento perto desse amigo inseparável eis que surge a lembrança do seu verdadeiro nome AMOR esse era o nome que ele havia escolhido para representar toda resignação que ele teria que Ter para começar a resgatar algumas das suas atrocidades feitas ao longo de tantas encarnações sem que o bom senso imperasse na direção do ser ou não ser.

Falar em oportunidade para alguém que nunca teve se quer, a chance de Ter a orientação de pai ou de mãe de avô, avó ou tio não sabia sequer aonde tinha nascido algumas vezes quando gritavam João Ninguém, falavam que o tinham achado no lixão, o que ninguém gostaria de ser, pelo menos vindo de um lixam, GENTE.

É muito se falava das aventuras de um tal João, que poderia ser seu pai ou alguém que o teria achado, esse negócio de lixão parecia ser mais uma brincadeira de mal gosto que propriamente verdade.

Mas porque João Ninguém? Sabemos que nada acontece pôr acaso e que só colhemos o que plantamos, dentro desse raciocínio é óbvio que não devemos ter sido Espíritos benfazejos em outras encarnações, o que nos faz pensar que a oportunidade é essa e não podemos despreza-la muito menos perde-la pois não sabemos quando teremos outra oportunidade.

E, quando tentamos definir esse raciocínio quem é quem , ficamos sem muito o que falar, principalmente se esse quem, sou eu, você ou ele. Quem afinal é esse João Ninguém?.

Vamos voltar um pouco no tempo e vamos tentar ver em outras encarnações quem é quem e quem pode ser esse João Ninguém. Seria ele alguém a quem ninguém poderia confiar pois nada que fizesse era de boa vontade , tudo teria uma pré disposição a Ter a necessidade de receber algo em troca. Ou será que sem mais o que fazer, nada fazia em beneficio dele mesmo ou de ninguém.

Há muitos anos atrás havia em uma vila lá pelos lados da Europa uma família que se dizia da alta aristocracia, mas não passavam de pessoas que já haviam tido muito dinheiro, mas que agora eram meros desabrigados como muitos que habitavam essa pequena aldeia.

Assim, João Ninguém ou Amor como queiram chama-lo começava a descortinar sua verdadeira identidade, pois parecia que através dessa pequena vila ou aldeia, começaria a se descobrir pelo menos uma de suas encarnações que obviamente teria dado origem a essa desatinada vida que hoje ele teria.

Mas todos dizem que somos nós mesmos que escolhemos nossa ¨vida¨, então porque, viver assim tão miseravelmente? O que levaria a um ser humano escolher uma vida tão desgraçada, cheia de necessidades, tão brutalizada pelos próprios irmãos se é que podemos chamar quem nos joga pedras de irmãos.

Não podemos reclamar das nossas desditas, pois com certeza, fomos nós mesmos que escolhemos, pois segundo o nosso mestre Jesus, só colhemos o que plantamos, se plantarmos vento colheremos tempestade, mas se plantarmos o amor, a paz a benevolência, se cultivarmos o bem querer para com todos, com certeza absoluta colheremos, resignação, paz, compreensão e muita sabedoria, pois é a única coisa que trazemos com o espirito e que ninguém pode nos tirar.

E assim começava mais uma vez, a passagem transitória pelo mundo dos que se dizem vivos, mas que na realidade muitas das vezes são meramente espíritos em expiação carregando um corpo deformado pela maldade , intolerância praticadas em outras encarnações, atitudes que levaram a situações deprimentes.

Everson Ferreira Leite