O incêndio na boate em Santa Maria: uma abordagem espiritualista dos fatos

Vivemos um período de transição. Há uma onda de criminalidade em todo o orbe. Quando não é o próprio homem a buscar a destruição, é a natureza que vem mostrar a sua força. O materialismo está longe de explicar, de forma racional, os mecanismos que regem a vida na Terra. A ótica materialista nos leva ao entendimento de que a força maior que nos governa, ou qualquer outra definição que se queira dar, é injusta, uma vez que designa experiências e provas diferentes aos homens. É bem certo que, sob a ótica materialista, percebe-se que há muita injustiça nesse mundo.

A ótica espírita, todavia, coloca que todos somos criados simples e ignorantes, sendo-nos oferecido o livre-arbítrio. É no bom uso de nossas potencialidades que vamos progredindo ao longo da eternidade. Durante o aprendizado vamos trabalhando as potencialidades morais e intelectuais que culminarão no espírito puro, eterno, destinação de todos nós. Mas, até alcançarmos a pureza, muitos descuidos vão ficando pelo caminho e, cada desobediência à lei natural, uma nova necessidade de reparo. A reencarnação se apresenta como uma oportunidade de reajuste. É quando encarnamos que sofremos as experiências que irão fortalecer o nosso espírito.

A ideia de um céu de bênçãos, exclusivo de alguns poucos e, de um inferno cruel e eterno, é dissipada pela observação de que ao nos oferecer o livre-arbítrio, Deus nos oferece também a capacidade de escolher a faixa vibratória em que estaremos vibrando. Assim, somos nós quem criamos o nosso “céu” ou o nosso “inferno”. Ao longo da nossa trajetória evolutiva vamos tendo a oportunidade de reconciliação com os adversários de outrora. Mas isso nem sempre ocorre de forma calma. Na maior parte das vezes a dor é o remédio que vem lapidar a pedra bruta e eliminar duas chagas fundamentais que são impeditivas ao desenvolvimento humano: o orgulho e o egoísmo.

O reparo nem sempre é individual. Há erros cometidos na coletividade. E é na coletividade que o resgate é cometido... são as expiações coletivas.

Na esfera espiritual, quando a nossa visão é ampliada, o sofrimento pelo erro cometido é tão grande, que somos nós mesmos quem rogamos uma oportunidade de reparo. Ocorre que a bênção do esquecimento que nos é dada ao reencarnarmos, ao mesmo tempo em que nos protege e favorece o entendimento junto aos rancores do passado, nos faz esquecer o compromisso assumido junto à espiritualidade superior e muitas vezes rogar que nossas provas sejam reduzidas ou que se acabem.

Vários jovens morreram em um incêndio numa boate em Santa Maria, Rio Grande do Sul (RS) e, muitos se perguntam sobre o por que. A ótica material aponta a falta de fiscalização do poder público, erro de cálculo, falta de infraestrutura do estabelecimento, uso inadequado de material inflamável, entre outras tantas explicações. A justiça humana aponta os culpados, condena-os. Os pais, diante da perda de seus filhos, clamam por justiça. A ótica espírita, por outro lado, nos leva a lei de causa e efeito e nos faz entender que esses espíritos precisavam passar por isso coletivamente para expiarem os erros do pretérito. Só isso pode explicar casos como o do rapaz que não estava na boate, mas pediu ao segurança para usar o banheiro justamente no início do incêndio. O fato é que se trata de uma expiação para quem vai e para quem fica. É uma dor que vai sendo trabalhada aos poucos, já que não houve tempo para despedidas. São pais devolvendo seus filhos ao pai maior que é Deus. Espíritos que se deparam com uma nova realidade... de luz, de amor e de resgate. Espíritos que ainda sofrem, mas aos poucos percebem o quanto essa experiência foi necessária ao seu crescer. Haverá um tempo em que um entendimento maior sobre o ocorrido em Santa Maria será divulgado e, mais uma vez, teremos a certeza, que há uma justiça maior e que nada ocorre por acaso. Que os jovens que lá estavam, eram os que precisavam lá estar. Que a dor e a ferida de agora, é a libertação do amanhã.