AS GAIVOTAS.
Um dia, um pintor de telas instalou seu cavalete à beira do penhasco, perto de onde morava. Estava concentrado na sua pintura quando uma gaivota o distraiu, ao levantar voo de outro penhasco próximo e voar direto para dentro da água. Imediatamente, uma segunda gaivota a seguiu, lançando-se do penhasco oposto, voando vertiginosamente para o mesmo ponto no mar. Quando ambas estavam a ponto de mergulhar na água, correndo o risco de colidir, executaram uma série de malabarismos e se lançaram para cima, aos ares, novamente. Como se estivessem se abraçando com as asas, elas subiram em harmonia a uma altura superior à dos penhascos dos quais alçaram voo.
Olhando para o voo dessas gaivotas, o artista concluiu que, talvez, para que duas pessoas se apeguem uma à outra, antes, elas precisam estar desapegadas.
Entretanto, muitas entravam num novo relacionamento carregando as velhas amarras. Sejam sentimentos de desconfiança, incompreensão ou barreiras defensivas, essas velhas amarras as impedem de viver o novo relacionamento de maneira livre. Talvez estejam certas ao se considerarem prejudicadas nas relações precedentes, mas elas não conseguem enxergar que não é o parceiro quem as prejudica, mas seu próprio passado, que elas não souberam deixar para trás.
Aquelas duas gaivotas vindas de penhascos distintos souberam deixar o seu lugar “passado” para trás e desceram até o nível do mar – até o nível “zero” – para se encontrar, libertando-se de suas identidades separadas. Assim puderam ascender juntas nos ares.
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TRECHO DO ROMANCE DE: SERDAR OXKAN – A ROSA PERDIDA.
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SUZANA VIDIGAL FEIXES.
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