A DOR E A EVOLUÇÂO DO SER:

A DOR E A EVOLUÇÃO DO SER:

Na parede branca do hospital,

Imagens difusas tentam dizer-me o porquê do sofrimento,

No leito a minha frente à senhora sem cor dorme o sono agitado dos moribundos,

Ao seu lado o rapaz tranquilo, apenas observa,

Não a lagrimas, não há lamentos, apenas o olhar fixo e triste,

Um filho, talvez, um irmão mais novo, ou simplesmente um amigo generoso a fazer-lhe companhia,

Enfermeiras e auxiliares, num vai e vem metódico,

Fazem o seu trabalho, em algumas vejo expressão piedosa, noutras, apenas o profissionalismo atarefado da rotina do lidar com a dor,

Médicos chegam examinam, prescrevem, aconselham, trazem esperanças,

Alguns sisudos, outros joviais e de certa forma alegres,

Tudo isso, passa-se rapidamente,

Minha mente tenta racionalizar o momento,

Comparar o momento de dor vivido por todos os que ali se encontram,

Meu doente, a qual faço companhia, confunde-se com os outros anônimos em outros leitos,

A doença é democrática em todos os sentidos, atinge a todos,

Jovens, velhos, ricos, pobres, de todas as raças e etnias, de todas as religiões e partidos políticos,

Alguns enfermos queixam-se aos Deuses,

Outros apenas aceitam seus desígnios,

Outros, ainda rebelam-se e blasfemam, não aceitam,

Estes pobres sofrem mais, com certeza,

Eu apenas tento compreender,

As lições que a vida nos apresenta,

Tem, creio eu, a finalidade do burilamento,

O homem evolui sim, se os momentos felizes nos fazem radiantes,

Os momentos tristes nos fazem pensar não só em nós mesmos,

Mas nos que nos rodeia,

Na função da existência e independente de crenças,

Vislumbro no ser a capacidade de superação,

A diminuição dos egoísmos, das presunções, das vaidades,

A solidariedade como base existencial, como principio de vida,

Quiçá possa me tornar melhor com o sofrer e apreender,

Com os sofredores, e assim cumprir com os desígnios da vida plena e produtiva,

Num evoluir constante,

Num aprender eterno,

Num servir,

Infinito,

Não almejo a placidez dos céus,

Não quero ser anjo, santo ou demônio,

Quero apenas ser humano,

E exercer toda a minha humanidade.

Valmirolino.

valmirolino
Enviado por valmirolino em 14/05/2013
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