Três Pães... (esta mensagem você precisa ler)

Habitava naquela casa uma família como tantas outras, o pai da casa, a mãe, o filhinho e também o avô com suas mãos calejadas pelo trabalho no qual formou seu filho, seus cabelos que o tempo pintou de branco e sua visão ofuscada pelo calendário da vida. Como em quase todas as famílias ali o costume no café da manhã era o sagrado pãozinho com manteiga ou até mesmo puro para o avô que nunca comera provando a manteiga a dar gosto ao pão.

O sol por entre as nuvens se escondia anunciando a tarde daquele dia, as panelas em cima do fogão anunciava a hora do jantar, que por algum motivo que se esconde até hoje era pouco ainda mais tendo de fazer divisão entre eles tornara ainda menor a janta naquela tarde. No quarto o avô já com sua idade pesando em seus ombros dormia no mais sereno e profundo sono destes que faz com que não se acorde tão facilmente. O pai da casa notando que seu pai (o avô) dormia, disse a família – “Deixe-o dormir, aliás, acho que a idade pesou, este velho não pode ver uma cama que já quer dormir, já quer deitar, parece que não sabe mais fazer nada além disso, deixo-o dormir, assim teremos mais comidas para nós, vamos jantar, deixe o velho dormindo”. O Silêncio prevaleceu na mesa da cozinha onde estavam apenas ouvia-se os talheres a baterem nos pratos e o vento soprar as janelas da casa, inclusive a do quarto onde o velho avô dormia.

Antes mesmo que o galo cantasse o avô acordou, suas mãos trêmulas mais do que de costume e seu corpo ainda mais fraco do que qualquer outro dia em sua vida anunciava sua fraqueza por ter dormido e não ter jantado no dia anterior, ainda que fraco conseguiu se dirigir para cozinha onde avistando quatro pães não hesitou e dos mesmos começou a se alimentar, quando terminava o terceiro pão o pai da casa entrou na cozinha e vendo aquela cena já foi aos berros com o pobre avô – “O que faz? Por acaso está passando fome para comer todo o nosso café da manhã?... E Como se não bastasse comeu três pães e agora o que nossa família vai tomar de café da manhã, é você além de velho está ficando guloso, que vergonha...”.

O Velho tão triste com estas palavras que pareciam uma espada que cruzava seu peito, tentava justificar, dizia que não ouviu ninguém chamá-lo para a janta, pedia desculpa por ter dormido e não tinha intenção de ter comido todo o café da manhã, dizia que se sentiu fraco que a janta que lhe faltou o fez comer aqueles pães sem notar que os três pães poderia fazer falta. Mas quando sentimos raiva nosso coração se fecha e não foi diferente com aquele pai que pegando o avô pelos braços e de certo modo o arrastando até o carro já foi dizendo – “Você agora vai para um asilo, já fez o que devia, já deu o que tinha que dar, chega de trabalho, lá no asilo se quiser comer todos os pães pode comer, e me faça um favor, não me chame mais de filho, pois, meu pai, meu pai, já não é mais”

E assim foi feito, o pobre velho foi jogado no asilo e lá esquecido e assim os dias foram passando, passando e passando...

Certo tempo depois, em uma manhã o pai acorda assustado, tendo breves lembranças de seu pai avô – o avô - , a tristeza e remorso era tão grande que precisou ser internado, suas fortes dores no peito o fizeram parar no primeiro hospital o mais próximo, mas também o mais simples, sem preparo, sem equipamentos e também sem alimentos suficientes para os que estavam internados, sua mulher não podia deixar o trabalho para levar a ele algum alimento e seu filho ainda era novo demais para entrar no quarto ou mesmo levar algum tipo de alimento. Sendo assim passou aquele fim de tarde sem janta achou melhor ainda que muito fraco e com dores dormir assim esqueceria as dores e acima de tudo a fome. Quando o sol nem havia acordado nem os galos lá de longe não cantavam o novo dia que chegara, a enfermeira entra em seu quarto e diz - “Olhe o que lhe mandaram uma cesta de café da manhã com três pães, e veio juntamente com esse cartão”. Sua fome fez com que ele comesse para depois ler o cartão que na verdade era um folha e com a letra tremida dizia assim:

“Filho fiquei sabendo do acontecido com você, então, peguei minha cadeira de rodas fui até em frente à igreja e pedi a quem passava algumas moedas, pois eu não tinha nada, mas foi difícil, pois chovia naquele momento, mas consegui umas moedinhas e comprei três pães em uma padaria ali perto, depois com minha cadeira de roda eu entrei na igreja, e diante a Jesus fiz um pedido, que abençoasse esses pães que acaba de comer para que você se fortaleça e possa cuidar de sua família, e fui além pedi a Deus que me levasse com Ele para que você conseguisse tirar de mim a força pra vencer, não chore meu querido filho, não chore, papai não está bravo, papai sempre fez tudo por você e vou continuar fazendo mesmo aqui um pouco longe, e se quiser me agradecer vai até a igreja e de joelhos agradeça a Deus, e também ao padre que apareceu bem na hora e ajudou-me a fazer a cesta... Bom filho papai fica por aqui, pois, me cansei um pouco, e acho que no céu tem uma caminha para o papai dormir um pouquinho... ah... Só mais uma coisa meu filho, obrigado pelos três pães daquela manhã saciei toda minha fome. Beijo Papai Te Ama!!!”

Xande de Matos
Enviado por Xande de Matos em 27/09/2013
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