Campainha
Ouça o som do coração. Essa batida que nos mantém vivos é a mesma que nos guia no viver.
Busque, por um segundo, o silêncio. Concentre-se no som da sua vida. Nossa mente é a grande
manipuladora dos nossos sentidos, mas é o nosso coração a verdadeira bússola de nossos sentimentos.
Nós sabemos o que é certo, sabemos o que é melhor, sabemos e sentimos por onde ir. Porém, não raramente,
sufocamos esse sentir com afazeres, tabus, tentativas frustradas, culpas, entre tantos outros.
É por isso que as crianças são tão felizes, enquanto lhes é permitido ser criança, elas apenas sentem e reagem
para o que sentiram de modo a não sufocarem seus sentimentos. Daí, o motivo pelo qual as crianças não se apegam aos
rancores, mágoas e tristezas da vida.
Essa importância em ouvir-se é vital. A sobrevivência agride a vivência de tal modo, que sem percebermos o tempo passou.
E então vamos empurrando tudo até que o tempo tenha passado para termos idade suficiente a sermos "perdoados" por sermos
crianças novamente. Até chegar o momento em que dirão: "Ele está rabugento porque está ficando velho", "Ela está chata porque está na menopausa", "ele abraça as pessoas porque está mais sensível nessa idade", " com a velhice todos viramos crianças"...
Então, penso que talvez a velhice nos presenteie com uma surdez social que nos permite ouvir o coração. Que quando deixamos de ouvir tudo que está fora, fique mais claro o som de dentro.
Há tempo, sempre há tempo para aprender.
Quanto mais cedo aprendermos a nos ouvir, certamente, mais tempo teremos para saber mais sobre nós mesmos.
Redescobrir-se é possível. Desenganar-se também. Basta querer!