A árvore e a última folha

Sou árvore, trazida pelo vento ainda semente para este campo onde fixei minha raiz e deste solo fértil tiro o meu sustento, sou forte e frondosa.

Vivo conforme as leis da natureza e suas estações dos anos.

Um dia, no decorrer do outono - como faço todos os anos, preparo-me para enfrentar o inverno que aqui em campo aberto é mais rigoroso – uma das últimas folhas me questionou:

_Porque as minhas iguais estão amarelando e caindo, não quero ficar amarela e cair, quero continuar verde e junto de ti?

_Ora é o seu destino – respondeu a árvore.

_Meu destino, como assim?

A árvore explicou: _Todo o ano durante o outono eu me preparo para enfrentar o inverno e... a árvore foi interrompida.

_E onde eu entro nisso? Questionou a folha.

_A árvore com toda a paciência, continuou. Preciso de energia para o inverno, vou aos poucos retirando de vocês folhas e direcionando para a minha raiz, que é meu coração.

_Mas é injusto, fico amarela, vou ao chão e mais nada?

_Calma, disse a árvore, tudo tem um propósito, você ainda me será útil.

_Útil como assim, amarela e no chão?

_Veja bem, quando você cair ao chão, juntar-se-á às suas iguais, vocês formaram um tapete ao meu redor aquecendo o solo e protegendo a minha raiz, serviram de alimento para o solo e deste tirarei energia para enfrentar o inverno, entendeu?

_A folha pensou, pensou... e disse, mas você ficará feia sem nós, será só galhos.

_Sim, serei só galhos mas minha raiz estará protegida e o vento do inverno não me afetará tanto e no início da primavera, irei aos poucos liberando minha energia para eles e destes nascerão novos brotos que se tornará novas folhas dando assim continuidade ao ciclo natural.

A folha sendo a última e entendendo a situação, lançou-se ao solo e foi se juntar às suas iguais formando ao redor da arvore um lindo tapete da cor do por do sol.

Eu vos apresento meu irmão José Carlos Gouvêa que tem se revelado um poeta.