Rádios que podemos ser

O que você pensa ou sente quando chama por uma pessoa e esta não lhe responde? Você não a chamou com uma voz alta o suficiente? Ela não lhe ouviu? Ela não está por perto? Ela está fingindo que não lhe ouve? Por que será que ela não está respondendo?

Estas perguntas do referido texto acima me veio após eu ter lido um versículo:” Ouve-me quando eu clamo, ó Deus da minha justiça, na angústia me deste largueza;tem misericórdia de mim e ouve a minha oração.” ( Salmos 4:1)

No meu entender o salmista “clama” para que Deus o ouça e atenda a sua oração. Clamar segundo o dicionário é proferir em alta voz, gritar, bradar. Mas para que gritar se Deus nos ouve em qualquer volume? As pessoas têm diferentes formas de se expressarem aonde isto acontece de acordo com a necessidade ou o sentimento de cada um. A entonação da oração é o que faz alcançar os resultados? Sinceramente não faço a mínima ideia, pois, somente Deus é quem ouve a oração da forma que deve ser ouvida.

Comecei então a imaginar as pessoas como rádios, destes que temos em nossas casas do tipo portátil. Como rádios comuns, cada um tem sua faixa de transmissão onde se sente melhor sintonizado, sua fonte de alimentação única ou alternada, suas antenas externas e internas, seus controles de ajustes, seus botões de liga e desliga bem como o de mudar as estações. Porém, estes rádios possuem uma peculiaridade: São autossuficientes. Não precisa que ninguém os controlem ou os consertem. Escolhem as próprias estações, as músicas que querem tocar, as notícias que querem dar bem como reparar seus defeitos quando estes surgem ainda que levem tempo de um diagnóstico preciso.

Ainda passeando sobre esta imaginação, também vi estes rádios diante de Deus todos colocados lado a lado em cima de uma grande mesa e em prateleiras suspensas ao redor de uma imensa sala, todos ligados cada um em sua frequência. Uns com volumes altos, já outros com volumes moderados. Alguns com deficiência de sinal causando chiadeiras e outros sofrendo influência de outros rádios. Para um ser humano seria uma tortura sem igual, mas para Deus não era. Sua superioridade incontestável de compreensão distinguia cada rádio e o que cada um transmitia, e percebia também que a qualidade da transmissão de alguns rádios era ruim, não havia uma sintonia fina ou uma boa fidelidade. Outros tinham umas boas transmissões em seus conteúdos e havia os que transmitiam o que não era de seu agrado e existiam muitos que nada transmitiam e estes chamavam a atenção do Senhor, pois, se cada rádio transmitia coisas para que Ele ouvisse, porque aqueles estavam mudos?

Deus permitia a autossuficiência de cada rádio e por isso não mudava as estações de que não gostava como também não interferia em seus volumes e conteúdos de transmissão. Já que cada um tinha este recurso do “auto”, esperava Deus que pelo menos em sua sala cada rádio constituísse um padrão de transmissão, mas como este padrão era difícil, Deus possuía um recurso para interferir em cada rádio mesmo em sua autossuficiência, já que nenhum rádio seria capaz de funcionar quando este era acionado. Que recurso seria? O sinal da transmissão, claro!

Um rádio por si só não funciona sem ter um sinal de transmissão. Pode estar alimentado, equipado, cheio de recursos, mas sem sinal para que serve? Cada rádio tem uma entrada de sinal, mas se esta entrada está obstruída torna-se impossível transmitir .Cortar o sinal de transmissão do rádio que não agrada a Deus, é o seu recurso muitas vezes temporário, mesmo porque Deus, o fabricante dos rádios, não gosta de ver inoperante o que criou. E se cada rádio procurar em outros rádios a divisão do sinal perceberá muito em breve que ter sinal próprio é bem melhor do que depender dos sinais de outros. Daí então tenta este rádio sem o sinal, reestabelecer em sua autossuficiência uma nova forma de se conectar com o sinal que Deus fornece. Seguindo este procedimento de cortes de sinais, aos poucos o padrão que Deus gostaria que cada rádio tivesse, vai tomando forma e sentido, e aí sim as transmissões ordenadas aos ouvidos do Senhor tomam outro sentido.

Mas e quanto aos rádios que não funcionam?! Estes que Deus percebeu que estavam mudos?

Numa parte do texto citei: “bem como reparar seus defeitos quando estes surgem ainda que levem tempo de um diagnóstico preciso.” Alguns rádios não transmitem nada ou porque não querem, ou porque ainda não descobriram seus defeitos. O auto- falante dos rádios é a saída terminal de uma transmissão, mas para que este sinal saia pelo alto-falante existe todo um processo de transformação pelo qual o sinal tem que passar. Se o amplificador de saída estiver com algum componente danificado, não há sinal. Se as bobinas de rádio frequência estiverem abertas, não há sinal. Se os capacitores de filtros estiverem abertos, não há sinal. Se a fonte estiver danificada, não há sinal. Se o potenciômetro estiver aberto ou em curto, não há sinal. Existem muitos defeitos que podem surgir e mesmo que a autossuficiência baste, é necessário tempo para descobrir o que realmente está defeituoso e enquanto o conserto próprio não se faz, o rádio fica completamente mudo e inoperante. Deus não poderá consertar o rádio que tem a função “auto” acionada, mas se o rádio abrir mão desta função, a técnica infalível do Senhor o trará de volta às transmissões com um sinal maravilhoso, puro e sem chiados. O que se torna perfeito a Deus quando queremos fazer que ele ouça o que queremos realmente transmitir.

Geraldo Lys
Enviado por Geraldo Lys em 03/06/2014
Código do texto: T4831356
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