Laborátorio da Natureza

Sob a influência do calor, da luz, da eletricidade, da humanidade, um corpo se decompõe, seus elementos se separam, outras combinações se operam e novos corpos se formam. Assim, a mesma molécula de cálcio, por exemplo, que faz parte do nosso corpo, após a destruição deste, entra na composição de um mineral, de uma planta, ou de um corpo animado. Em nosso corpo atual acham-se, pois, as mesmas parcelas de matéria, que foram partes constituintes de uma multidão de outros corpos.

Citemos um exemplo para tornar a coisa mais clara. Um pequeno grão é posto na terra, nasce, cresce e torna-se uma grande árvore que, anualmente, dá folhas, flores e frutos. Quer dizer que a árvore se achava inteirinha no grão? Certamente que não, porque ela contém uma quantidade de matéria muito mais considerável. Então de onde lhe veio essa matéria? Dos líquidos, dos sais, dos gases que a planta tirou da terra e do ar, que infiltraram em sua haste e, pouco a pouco, alimentaram o volume. Mas nem na terra nem no ar encontram-se madeira, folhas, flores e frutos. É que esses mesmos líquidos, sais e gases, no ato de absorção, se decompuseram, seus elementos sofreram novas combinações, que os transformaram em seiva, lenho, casca, folhas, flores, frutos, essências voláteis, etc. Estas mesmas partes, por sua vez, vão destruir-se, decomporem-se, seus elementos, misturarem-se de novo na terra e no ar; recompor as substâncias necessárias à frutificação, ser reabsorvidos, decompostos e, mais uma vez, transformados em seiva, lenho, casca, etc.

Numa palavra, a matéria não sofre aumento nem diminuição. Transforma-se e, por força dessas transformações sucessivas, a proporção das diversas substâncias é sempre em quantidade suficiente para as necessidades da natureza. Um fato que é oportuno assinalar aqui, é que o homem, que pode operar artificialmente as composições e decomposições que se operam espontaneamente na natureza, é impotente para reconstituir o menor corpo organizado, ainda que fosse uma palha de erva ou uma folha morta. Depois de ter decomposto um mineral, pode recompô-lo em todas as suas peças, como era antes. Mas quando separou os elementos de uma parcela de matéria vegetal ou animal, não pode reconstituí-la e, com mais forte razão, dar-lhe a vida. Seu poder para na matéria inerte: o princípio de vida está nas mãos de Deus.

Roberto Valverde
Enviado por Roberto Valverde em 14/08/2014
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