Solo e Semente

Na planície da alma e do coração chega algo novo, misterioso...

Forte como um relâmpago, anunciando que após vem um trovão...

Que faz tremer o chão.

Desperta uma esquecida sensação, algo que parecia não mais existir...

Um mesclar de dúvida, vontade, medo, desejo.

MAS, TRAZ CONSIGO UMA SEMENTE...

Seguidamente, vem uma chuva forte, penetra no solo seco...

Tão sofrido pelas interpéries do tempo, do relento.

A chuva tão calmamente, mas insistente, suavemente...

Vai preparando o solo que se sente desolado, devido aos pisoteios, a dureza, a rigidez do tempo passado...

Que deixaram cicatrizes... e a semente "tremeu nas raízes".

MAS, SOLO E SEMENTE SE ATRAEM...

O solo, receoso, quer a semente, mas teme...

Por ter vivido experiências outroras de frustradas plantações, de secas e perdas, de ilusões.

Muitos semearam em seu solo e não valorizaram... desprezaram... não armazenaram os bons frutos e as lindas flores que se produziu...

Muito se investiu.

O solo acredita que tenha ficado árido, duro, frio, sem vida...

Na sua camada mais profunda... e que nenhuma semente iria querer, nele, se aquecer.

Teme, que, se a semente lançar-se, não conseguirá viver...

poderá não frutificar, nem ficar.

Sente que não está preparado para recebê-la...

A insegurança surge e o solo vê até a erosão, a enxurrada, o vento...

Quer, talvez, proteger a semente que poderia não sobreviver por muito tempo... pois sente estar seco por dentro.

O zelo pela semente é tão especial que chega a pensar que a semente merece um outro solo mais macio e produtivo... é um sentimento desprendido.

MAS, A SEMENTE QUER LANÇAR-SE...

Apesar do relâmpago, do trovão, da chuva...

O universo oferece ajuda.

E A SEMENTE LANÇA-SE...

Deleita-se no solo molhado... desprendida...

E o solo, que parece não estar pronto para receber a semente...

Vai amolecendo lentamente... permitindo que a sua camada mais profunda e seca vá se envolvendo, sem perceber, pela semente... delicadamente.

SE O SOLO NÃO ACEITASSE A SEMENTE...

Não haveria culpa... nem culpado... seriam inocentes...

Esperariam um tempo, ainda presente.

O universo sabe da missão do solo e da semente.

Rosas de Rose

Rosas de Rose
Enviado por Rosas de Rose em 27/10/2014
Reeditado em 31/10/2014
Código do texto: T5014138
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.