A MÃE DAS MÃES.

HOMENAGEM PARA MINHA MÃE.

Maria é Mãe de Deus?

Todos somos pais e mães de alguma forma, no que há de bom e se projeta em todos os filhos do mundo. Tudo que vive e veio do ventre materno vive se educando ou não, do que há de bom, para ser melhor. Não educados nada absorvendo e por isso nada construindo. Mas o que há de bom foi construído por quem deu vida e por quem sem dar vida deu educação, variadas fontes. A forma não é importante, vale mais o exemplo do que a realidade irrealizada.

Quantos filhos de outros ventres podem seguir um ministério de exemplos ditados pelo embrião de ser correto? São filhos aqueles que nos seguem, que banhados de luz vivem a vida da boa vontade, em harmonia com os sentimentos e respeito a tudo e a todos. Esta a maternidade que dissemina a razão de ser melhor, que sem gerar conduz. A dor de não ser mãe de que fala Padre Vieira de forma celebrizada, no Brasil Imperial, em um de seus mais famosos sermões na presença de toda a Corte e na Capela Real, homenageando o nascimento da Princesa Primogênita, quis destacar a alegria como real dimensão da maternidade, o amor, esta a destinação da homenagem.

A muitos seguimos e nada somos biologicamente dos seguidos, mas permanecem os seguidos em seus ensinamentos, em nós entranhados, somos os princípios apontados de quem gerou e gestou esses princípios. Não há princípio instintivo, não temos uma alma somente filosófica como ensinou o tomismo tendo em mira irracionais, pensamos, o princípio como padrão demanda consciência, temos razão, consciência.

A maternidade não é só trazer vida, mas ensinar a viver, a todos. Quem mais ensinou que a Virgem em sua resignação? E continua ensinando em suas aparições o sentido da paz.

A indagação envolve o maior mistério da humanidade, tanto religioso como científico. Quem traz a vida, quem perpetua a espécie, tem lugar central no destino do mundo, como quem tem compromisso na vida construtiva. A maternidade é a primeira construção, biológica e inigualável, mas outras existem no seguimento da vida. Se de um lado não muito se explicou sobre o surgimento da vida, por outro, mais distante da inteligência, se torna crer na mística de existir Aquela que gerou o Filho de Deus e por isso Deus. Sob esse ângulo a ponte é a fé, a Maternidade anunciada pelo Anjo, auxiliada pela teologia e somas filosóficas de filósofos como São Tomás de Aquino, racionalmente, exemplificando a existência da Primeira- causa pelo fenômeno da causalidade.

Ao curso da História, a Igreja Católica tem elaborado uma série de doutrinas sobre a mãe de Jesus. Quando examinamos as Escrituras, percebemos que muitas dessas doutrinas não vêm da palavra de Deus.

A expressão "Maria, mãe de Deus" foi oficialmente autorizado no Concílio de Éfeso no século V. O concílio procurou resolver uma diferença entre alguns bispos em referência à divindade e à humanidade de Jesus. Pela Bíblia Jesus é apresentado como Deus que se fez carne (João 1:1,14). Muitos têm tentado separar essas duas características de Jesus Cristo, entendendo serem pessoas distintas, uma espiritual, a outra carnal.

Teólogos congraçados em Éfeso, cidade conhecida por sua exaltação de uma deidade feminina (veja Atos 19:23-41), não se contentaram em estudar o que as Escrituras dizem sobre a humanidade e a divindade de Jesus Cristo. Para defender o fato que Jesus é Deus, eles argumentaram assim: "Emanuel realmente é Deus, e a santa Virgem é, portanto, Mãe de Deus". Sob conceito logístico, válida é a proposição. Assim foi oficializado o dogma de "Theotokos" (Mãe de Deus), uma doutrina que não se encontra na Bíblia.

Em 1950, Pio XII, pela vontade de milhões de católicos, afirmou como dogma a crença da Assunção de Maria ao céu. Agora, no início do século XXI, o Vaticano está sendo bombardeado com petições para exaltar Maria ainda mais. Por enquanto, não foi decidido se Roma ordenará que Maria seja vista como corredentora, ao lado de Jesus.

A mãe maior que nos afaga, que me protege de forma singular na minha jornada terrena, sofreu sem desespero e se entregou à resignação silenciosa, indescritível, de ver morrer seu filho, o Homem-Deus, sem apelos ao Pai.

A Mãe-maior, mãe de todos que se ajoelham aos seus pés em todos os rincões onde surgiu e surge, mensagem da paz e da concórdia, a lembrar o martírio de seu filho pela aproximação da humanidade, deve ser acima de tudo lembrada, também, no dia da maternidade, por ser Ela a Maternidade-Maior. E estamos no mês de Maria, da Virgem Maria, Mãe.

Mãe de nossas mães, mãe de todos, tranquilidade do rosário, mantra divino que enternece corações, protetora dos corpos a quem se revelou, deixando-os hígidos após a morte.

Verdade da transcendência incompreendida pelos que pecam pecados capitais e são tragados pela dúvida dos néscios sobre seu filho.

Caminho e veículo da revelação de seu parto, materialização do espírito que se faz forma em locais santos, exclusiva irradiação da divindade.

Maria, mãe de minha mãe, mãe de todos, mãe da humanidade, na concepção de seu filho;

JESUS CRISTO.

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Saudade.

Mãe, sem muita coragem escrevo-lhe estas linhas;

Flor do campo,

Brisa da manhã,

Verde dos vales,

Azul do mar,

Perfeição da natureza feita mulher;

Ontem meu reduto, largo abrigo, paz da aflição;

Hoje meu confessionário, proteção suave que brilha no firmamento;

Vida da minha vida, semente de meu pão, silêncio mudo de minhas súplicas;

Bonança das horas de angústia;

Teu nome a calma,

Teu sorriso a maravilha,

Tua presença a segurança;

Minha mãe, tudo do nada que somos, leito e estuário no sacrário dos sentimentos;

Pó da vida,

Vida das certezas, do desinteresse, da esperança;

Amplo abraço dos meus sonhos,

Café com leite das noites cansadas,

Espera sofrida da chegada,

Vigília do amor;

Saciedade dos desejos, desmedidas emoções;

Braços que se abraçam, mãos que se dão;

Ansiedade, saudade.

Escrito uma semana após o falecimento de minha mãe, em 1986, publicado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros, na antologia “A TOGA E A LIRA II”, edição de 1988.

Seu nome era Alice, do grego (alethos), que significa "real, verdadeira ou sincera".

Sempre me ensinou a prática da verdade e a máxima "o silêncio é de ouro, a palavra de prata"; Alice Teixeira Panza, era e é seu nome.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 08/05/2015
Código do texto: T5235129
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