Experimente... a vida!!

Minha alma, sentada na cadeira de balanço do tempo, conversava com suas recordações...

As gargalhadas do ontem ecoaram no silêncio, gritaram as lágrimas, se apresentou a paz, o tumulto, a raiva, a amizade, o perdão, o amor...

O Tempo me convidou à um cafezinho sem compromisso (aceitei, embora não tome café) E hoje cá estamos, saudosistas a falar de nossos amores, de nossas decepções e alegrias... oTempo me dizendo como é apaixonado pela paciência, procura constantemente a dor para consolá-la, e que também tem seu amor não correspondido: o amanhã; como o Tempo ama o amanhã, mas não consegue tê-lo, apenas o hoje tem o Tempo, ao amanhã se quer conhece, mas não cansa de amar, embora reconhecendo ser um amor inatingível.

Em um ponto da conversa (com meu café, intocado, já frio) o Tempo olhou para mim e disse querer saber a minha história.

Eu não neguei contá-la e a começei assim...

- Ahh, Tempo, eu também amei um dia, por aquele ser, juro, seria capaz de entregar minha vida sorrindo, amei-o mais que a mim mesma, mas mesmo tamanho amor não bastou para ele ficar, não bastou para mantê-lo a meu lado, e tu Tempo, sem dó, foi passando e contigo arrastando o resto de paixão que existia entre nós, ficou um amor, calmo... imenso... irmão. Não te culpo, entretanto, sei que a todos tu visitas, a uns deixando alegrias, a outros aumentando seus pesares...

Tempo, como eu fui feliz fazendo daquele coração meu lar, como eu aprendi enquanto o ensinava a amar, como minh'alma se regozijou em nossos momentos de felicidade, como foram grandes nossas pequenas venturas e pequenos nossos grandes sofimentos, como foram doces, cada lágrima, cada dor...

Neste ponto a Saudade entrou na conversa, olhou para minha xícara, abandonada no canto da mesa, e eu, envergonhada, levei-a aos lábios, mas sem bebê-la. Me disse a Saudade que ela gostava muito de mim, mas que estava magoada, pois eu não mais ficava horas em sua companhia, não mais ficava noites sem dormir para escutá-la, e eu me defendi, falei-lhe que eu a guardava em meu coração, envolta de minhas mais doces lembranças, ela sorriu, acalentada por lembranças tão boas...

O Tempo novamente voltou-me a face e assim me disse:

- Menina, por que teus olhos andam tristes, onde perderam o brilho?Tu es tão nova, tão cheia de sonhos por sonhar, flores por distinguir os aromas, bocas por beijar... qual a causa de tão grande dor?

Eu respondi, ah, eu respondi...

- Foi a Vida, senhor Tempo, foi ela quem me deixou assim, e teve a ajuda da Solidão. Tempo, elas não gostam de mim? Por que me fazem sofrer tanto?

- Ah, menina, minha menina, não veja as coisas assim, pense que a Solidão te faz refletir, ver onde caíste para q tu possas recomeçar, ela te faz olhar para dentro e fazer-se melhor, e a Vida te ama tanto que lhe permite sofrimentos a fim de que você a ame também, a valorize, ela permite o teu chorar para poder colocar em teu caminho seres maravilhosos para secar tuas lágrimas...

A vida então apareceu, e disposta a defender-se, uma vez que me amava, pacientemente, me disse assim:

- Vês aquela tua xícara, ali, do teu ladinho, pois bem, representa ela à mim, estou constantemente a teu lado, você as vezes me leva até a boca, mas não se encoraja beber, tu jamais provaste do meu conteúdo, jamais arriscaste experimentar, por crer que não queria o que eu, humildemente, te oferecia, mas se tivesses ao menos permitido que o conteúdo tocasse teus lábios, tu perceberia, que não é de café q a xícara está cheia, é sim de tua bebida preferida, afinal, o Tempo sabe bem o que vc quer e precisa, e é isso q ele te dá... e quanto a mim, eu também te dou tudo, alegrias, amores, paixões, paz, prazer, tudo enfim, mas você não aceita por crer que aquilo que te ofereço não é do teu agrado, mas eis que é sim, é o melhor para ti, é tudo o que vc mais quis...

Quantas vezes coloquei em teu caminho maravilhosos seres que te dedicaram amor incondicional, que se fizeram tapete para vc pisar, mas tu não se permitiu arriscar, jamais, e eram eles seres que coloquei a teu lado para te completar, encontros com carinho premeditados, como o encontro do sol com o calor, da rosa com o perfume para uma união perfeita, mas tu me viraste a face, renegando-me outra vez mais... assim, antes de dizer não à mim, tua vida, ouse primeiro experimentar o que te ofereço, sem medo, pois eu não te machucaria, sem pensar, pois eu não seria capaz de te fazer mal, assim menina, pegue a xícara e beba seu conteúdo de venturas de uma só vez, que minha maior alegria é poder novamente enchê-la de venturas para tu outra vez mais beber...

Deise Caroline Nunes
Enviado por Deise Caroline Nunes em 21/06/2007
Reeditado em 17/09/2007
Código do texto: T535314
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