DE UM TEMPO QUE NÃO SE MEDE


     O calendário, invenção do homem, apesar de ser totalmente ignorado pelo tempo, corta o ano em pedaços e cria uma sensação de um tempo mensurável. Medido. Controlado. Fatiado. Um tempo que nos permite agendas. Listas de intensões. Promessas. Reflexão sobre o que fazemos com o “nosso tempo”.

     Seguindo este ciclo, que o calendário nos oferece, há tempo de começar, tempo de terminar. Tempo para abrir e fechar ciclos. Fim sugere renovação. Hora de jogar fora o que já não nos serve. Fazer uma boa faxina. Limpar os ambientes, seja do trabalho ou da residência, embora cansativo, é sempre mais fácil. E rápido. Em pouco tempo fica tudo com cara de novo.

     Feito isso chega a hora mais difícil. Faxinar nosso interior. Abrir mão “das coisas que já não nos servem mais”. Analisar as pendências, revisar as promessas, olhar quais compromissos e sentimentos deixamos jogado em algum lugar empoeirado e estão acumulados nas pesadas vidraças do “depois eu resolvo”. Nessa hora nos damos conta que é difícil escolher por onde devemos começar. O que devemos retirar primeiro? Como faremos para que as vidraças não desabem sobre nossa cabeça?

     Começar pelo mais “sujo” parece o mais óbvio, mas não o mais sensato. Melhor ir limpando aos poucos. Livrando-se das coisas pequenas, das finas poeiras, das teias de aranhas que tecem intrigas e faz transbordar nossas redes de antipatias, vontade de responder as injustiças na mesma moeda, de responder com um sonoro não quem só nos procura por conveniência, revidar aqueles “tapas dados com luva de pelica”.

     Estas poeirinhas, que o vento leva de um lugar para outra, mas que sempre retornam e repousam sobre as paredes de nossa consciência, com o tempo vão causando grande estrago em nossa existência. Provocam verdadeiros estragos em nossa casa. Façamos, pois, uma bela faxina. Livremo-nos das resistentes poeirinhas das implicâncias, invejas e ciúmes descabidos, tantas vezes sutis, mas que não merecem nosso abrigo.

     Limpemos, com a água da humildade, generosidade e temperança, todas as palavras engavetadas em nossa garganta, as brigas que nunca foram verbalizadas, as ofensas, insultos e difamações cogitadas nas horas da raiva, mas nunca vociferados. Mas, não basta limpar. É preciso liberar, esvaziar o balde. Jogar fora a água suja.

     Para finalizar, vamos distribuir por todo ambiente o perfume purificador do perdão. Borrifar harmonia nos lugares já acinzentados pelo descaso. Regar as sementes de esperança. Plantar entusiasmo, criatividade e muita vontade de sermos um pouco melhor a cada dia.

     Abrir as portas, colocar as flores da amizade na janela e, com fios da linha do horizonte, costurarmos uma bela cortina para varanda de nosso olhar. Preparemo-nos para um novo dia. Um novo ciclo. Um ANO NOVO! 

     Por fim, mentalizemos votos de saúde e paz àqueles que, ao longo do ano, jogaram poeira em nossas prateleiras. Finalmente vamos distribuir sorrisos, abraços e, com certeza, ao amanhecer, nossas vidraças estarão mais limpas e claras e o nosso ANO NOVO será exatamente do jeito que lidarmos com ele! FELIZ 2016!
Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 30/12/2015
Reeditado em 07/03/2016
Código do texto: T5495940
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