Futuro do presente

Às vezes é necessário que, despidos, de corpo nu, nos olhemos no espelho. Corpo inteiro, nossos detalhes, tudo. Tudo deve ser conferido para que possamos voltar a uma realidade cruel, em que o tempo, algoz de homens e mulheres, nos mostra constantemente o que disfarçamos com molduras impregnadas de cosméticos e adereços.

Às vezes pensamos, em frente ao belo jovial, sermos uma referência de beleza outrora, aquela que ficou no tempo nos cegando na realidade do futuro do presente. Nos iludimos assim, homens e mulheres, com os sincronismos de olhares, de palavras, de toques e de atenções que não revelam realidades e não observamos o ridículo das nossas vontades e sonhos que não foram realizados em tempo a nos levar há tantas outras decepções.

Lembremos, hoje e sempre, de uma coisa: olhares cruzados despertam sonhos não realizados e tempos perdidos, as vezes por covardia, por entrega, por renúncia. Mas, não esqueçamos de uma coisa vital, a de que todas essas coisas, inerentes a vida humana, se no pretérito, antes se dedicar a outras atividades laborativas que lhe possa fazer feliz do que sofrer a solidão de resultados não alcançados por sua perda de tempo. Assim me vejo, assim me encontro, assim muitos deveriam se ver.

Vicente Freire

16 de fevereiro de 2016