Fenômeno interessante.

Pensando bem, eu precisava de uma estante, de arquivo e

de um lugar tranqüilo para começar uma vida ou reorganizar essa.

O matrimônio pareceu-me um bom eixo para facilitar todas as articulações.

O matrimônio é uma contingência, uma vocação e como andam as coisas, na realidade atual, há poucas vocações, no meu ponto de vista. Afinal me pergunto, por que e para que se casa?

Para quem ainda sonha, a indagação é um preventivo, para quem já acordou do sonho, pode ser um remédio, é uma cirurgia na coinsciência, no meu caso sou ao mesmo tempo cirurgiã e paciente e o pior é que a intervenção deve ser feita sem anestesia.

Você tem coragem de verbalizar as razões de seu casamento? Dizem que a reforma do código civil cercou " o golpe do baú" e já é um passo , mas talvez não consiga aparar todos os golpes e há muitos e sútis . Eu pessoalmente, procurava num casamento perdido e impossível, um armário, um arquivo e "estava na minha" e ele "um calmante para o corpo e um sedativo para seu coração vaidoso", uma auto-afirmação , um receio de ficar solteirão, um partido , (não , nunca fui um partido e nunca tive dotes), fuga do lar paterno e da super-proteção materna, uma aventura que forçou o acelerador e até o desgastou . O matrimônio seria um arranjo para ordenar a vida que de outra forma ficaria sem rumo certo, sem apoio, mas com muita satisfação , realmente uma fatalidade social, uma precipitação que anula qualquer capacidade de reflexão e ainda retifiquei à tempo.

Não imagino nem por sonho um casamento sob medida, geométricamente correto para terceiros ...pois geometria não existe para a vida e sugiro que num momento de lucidez e de sinceridade , nesse clima pode-se descobrir um fenômeno interessante e sem sacrifício (só por amor), é como se luta para conseguir um emprego, comprar um imóvel, aumentar os lucros da empresa, fazer uma viagem etc etc.

Assim deve ser feito para encontrar-se um homem certo e garantir , não o armário, a herança ou lá o que seja , mas garantir a sobrevivência da união com amor respeitando-se todas as individualidades.

Iolanda Fonseca
Enviado por Iolanda Fonseca em 09/07/2007
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