DEVANEIO

Julguei-me um excêntrico devaneador,

Pois cai na tentação de ser levado pelo momento,

Momento este que foi tormento,

Mas também foi fomento para meu ego,

Sei que sou inconstante e conivente,

Até descobri que tenho sentimento,

Choro pelo meu semelhante,

Admiro a pessoa que viveu seu passado,

Não me assemelho em nada o que passou,

Assanho-me a dizer que a vida é bela,

Sobreviver pela vida é coisa chula e desintegrada,

Digo que é atroz,

E a voz que chama esse desequilibro é tensa,

Tão somente ela oferece apenas o sussurro.

Exarado estou nesse cobiçado devaneio,

Assíduo pelo anseio de ser o sábio pensador,

Miro na estatueta daquele que faz o gesto,

Mas a coerência de meu pensar é sem cor,

Corro em pensamento pelo mundo afora,

Em busca do sonho e a alegria do amor...