POEMA Á QUERIDA PRINCESA ISABEL

Quando libertou os escravos, pensamos nós.
Estamos livres desse crime, acabou a escravidão.
Fomos tolos, princesa, ledo engano, doce ilusão.

Foram sim libertados, mas ficou a marca.
Depois de muitos anos, o preconceito presente.
Foram libertados, mas não nos libertamos.

Nós que ficamos presos e continuamos.
Presos no maldito racismo tão evidente.
Presos no maldito conceito, excludente.

Sabe princesa, temos coragem de proclamar.
Que vivemos numa democracia, falta-nos coragem.
Para as mudanças necessárias, nos acovardamos.

Não eu, nem você, todos nós, aceitamos.
De forma sempre igual, as situações impostas.
Não temos forças para lutar contra isso.

Tentei princesa, mas na política não tem jeito.
Rezei, mas as igrejas não querem mudanças também.
Todos pretendem manter o “status quo”. Sabe por que?

Porque discurso e promessas são feitas.
Mas não mudam, não conseguem.
Depois, dão-nos migalhas, nos enganam.

Mas tudo bem, vamos lutando aqui princesa.
Você deu o primeiro passo, o resto faremos.
Só espero que os políticos vejam a situação.

Mudem, antes de correr sangue na nossa terra.
Mudem, antes que o povo pegue o poder pela força.
Isso princesa, é premente.

Foi assim em tantos lugares, aqui não será diferente.