Direito Roubado

Este ano gostaria de parabenizar a todos os filhos que vão chegar em casa para abraçá-lo e dizer que o amam muito.

A todos os filhos que não vão poder abraçá-lo, mas que vão ligar e dizer o quanto ele foi e é importante em sua vida.

A todos os filhos que não vão poder abraçá-lo, nem ligar, mas que têm uma certeza dentro de si “ele está em algum lugar deste país ou de outro qualquer”, e vai estar orgulhoso de ter tido filhos maravilhosos.

E também, aqueles filhos que dizem odiá-lo, que colocam toda culpa de seu fracasso, por não terem força nem caráter, e precisam de alguém para por a culpa, nem que seja nesta pessoa que em algum momento da vida, tenha falado, gritado, lutado e por fim, em seu desespero, largou de mão o filho incompreendido.

Não sou a única. Sei que muitos, assim como eu, tiveram esse direito roubado.

O direito de sentir qual seria o seu cheiro característico; se de loção de barbear ou de lavanda.

O direito de olhar na sua face e, mesmo com bigode ou barba, ou sem ambos, mas com algumas rugas, pensar: “Como posso ser tão parecido com ele?”

O direito de ter sentado no colo dele quando criança e quando adolescente, para que sua cabeça seja afagada.

O direito de levar uma bronca e ficar morrendo de raiva, mas depois pensar; “É, meu velho tinha toda razão.”

O direito de ligar para ele aos prantos porque não conseguiu passar naquela prova, porque o carro quebrou, porque terminou com o namorado(a), e ouvir do outro lado da linha: “Calma, isso vai passar e estarei sempre ao seu lado”.

O direito de torcer pelo melhor time do mundo “FLAMENGO”, ou outro time qualquer só porque ele é fanático por futebol.

O direito de vê-lo assistindo o jornal e dar boa noite ao Bonner, como se este pudesse escutá-lo.

O direito de acordar uma vez que seja no ano e dizer “Feliz dia dos Pais”, eu te amo mais que tudo nesta vida, ou apenas observá-lo e sentir o maior orgulho por ser seu filho.

Enfim, parabéns a todos vocês, filhos que tiveram o direito de amá-lo ou odiá-lo, mas que nesse dia vão ter a opção de abraçá-lo e beijá-lo, ou apenas deixar que um sentimento sufoque seu coração sem dizer uma palavra.

alê quirino
Enviado por alê quirino em 01/08/2007
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